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Revista Percurso
N° 27

Dia 29 de junho 2002, Sábado, das 9:45 às 13:30,
Instituto Sedes Sapientiae, Rua Ministro Godoy, 1484
São Paulo SP, tel: (11) 3873-2314
Entrada Franca

Editorial

Pulsão e instinto
Jean Laplanche

Corpo, vida e morte na psicose
Abrahão de Oliveira Santos

Entre o que se vê e o que se escreve: ensaio sobre a interpretação
Tania Rivera

O carvalho e o pinheiro: concepções da morte em Freud e no Romantismo
Ines Loureiro

Freud e a ontologia romântica da subjetividade: aspectos resistenciais do universal na escuta analítica
Nelson da Silva Jr.

Sentido e significação
Mara Selaibe

Um tapete vermelho para a angústia
Marisa Schargel Maia

Dor, mais
Daniel Delouya

O banquete de Freud: Rsvp
Maria de Lourdes Costa

Re-conhecimento: a análise como possibilidade de mudanças
Estela Ribeiro Versiani

Laio, Édipo, Antígona – uma trágica família: aspectos "copernicamos" da teoria freudiana no estudo de grupos
Sérgio Telles

O real é sexual: mal-estar na clínica lacaniana das psicoses
Paulo de Carvalho Ribeiro

A construção do analista
Silvia Leonor Alonso

Transgressões criativas
Emílio Rodrigué / Isaías Melsohn

Um divã nas bordas da realidade do mundo (Anomia)
Janete Frochtengarten

Para além da soberana crueldade, uma utopia possível (Estados-de-alma da Psicanálise)
Sérgio Telles

Estratégias de investigação em Psicanálise (Estratégias de investigação em Psicanálise)
Marilsa Taffarel

Quem tem medo do feminino? (Elas não sabem o que dizem)
Camila Salles Gonçalves

Fraternidade: destino possível para o mal-estar inevitável (A função fraterna)
Ana Lúcia Panachão

Escutar por imagens (A figura na clínica analítica)
Noemi Kon Moritz

A vocação do exílio (Freud e a judeidade)
Catarina Koltai

Eles pensam: a Psicanálise escuta bebês (Palavras para nascer)
Anna Maria Amaral

A fala da imagem (Psicanálise e cinema)
Yudith Rozenbaum

Abstracts in English
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Editorial

O trajeto freudiano que investiga a função da dor na constituição da vida psíquica é pontuado pela guerra e pelo desvendamento da pulsão de morte. Sob mais de uma forma, ele reaparece neste número em que, como no anterior, há referência, em um dos textos, ao fenômeno da insensibilidade à dor em relato da clínica psicanalítica. A hora em que vivemos pode ser sugerida por um relato de correspondente, em Kabul, de um jornal do quotidiano, a respeito da disposição dos afegãos de acolher com seus últimos recursos o conterrâneo refugiado ou retornado e de sua concomitante insensibilidade diante de mutilações e execuções de outrem. Haveria aí possibilidade de estabelecermos diferença, ainda que imprecisa, entre existência e sobrevivência?

Se nossa imagem do mundo é indissociável da que traz a guerra dita contra o terror, o que pode a psicanálise para além da decepção, da indiferença e de formas de insensibilidade à dor ? No ano passado em Paris, no encontro de psicanalistas denominado Estados Gerais da Psicanálise – como podemos acompanhar em Leituras – o filósofo Derrida desafiou a psicanálise a enfrentar um além do além da pulsão de morte, a questão da crueldade.

Nesta Percurso, o artigo que traz o exemplo clínico citado também aponta o modo pelo qual, em Freud, os afetos equivalem à metabolização da dor junto ao outro como integrando um processo que possibilita pensar e "trilhar caminhos na realidade e no real da vida compartilhada com os outros, da cultura". Outro texto põe em destaque o caráter trágico do modelo de aparelho psíquico construído por Freud, que nos permite reconhecer na pulsão "uma espécie de agente traumático no interior do próprio sujeito". Um outro ensaio relembra os textos de 1915 – "A decepção diante da guerra" e "Nossa atitude em relação à morte" –, os efeitos que tem a guerra de abalar nossa atitude diante da morte, transtornada pelo testemunho da carnificina, e de nos forçar a admitir que "o primitivo que persiste em nós ressurge intacto".

Investigar e escrever não têm efeito imediato sobre a violência em sua crueza. Mas se o pensar provém da dor, do excesso pulsional e de decepções, é deste modo que a psicanálise se constitui. Com efeito, diante do estado de anomia, ela também pode ser sensível ao chamamento para o reduto da indiferença e do cinismo. Ela apenas se põe a serviço da sobrevivência do pensar, em meio à turbulência. Aceita o desafio de se posicionar no entrecruzamento do que parece inconciliável, as paixões e a civilização.

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