Política del Psicoanálisis

La crisis en la Internacional de los Foros del Campo Lacaniano

Da Iniciativa Escola à Escola ,
ao desafio dos Foruns de psicanálise

Domingos Infante

Envio, oportunamente, meu texto apresentado no Rio, em dezembro no Forum dos Foruns, qualquer semelhança com o que hora nos acontece(FPSP) seria mera coincidência?

O forum SP tem, gradativamente,se mostrado pleno de potencialidades. Heterogêneo: compõe-se de analistas desligados da escola, analistas que nunca pertenceram à Escola e que vêm nele uma possibilidade de comunidade, jovens na expectativa de uma formação, profissionais de outras áreas em busca de uma interlocução com analistas. Entusiasmado: o alívio de uma interlocução liberada do clima burocratizado e esclerosado da Escola proporciona uma renovação do prazer de falar em nome próprio. Perseverante: na sustentação da necessidade do analista de reunir-se em comunidade.

Não sem apreensões, porém. Que rumos tomar, como organizar-se, que política congruente com o discurso analítico? Sabemos mais o que não queremos, momento de compreensão. Os foruns, apesar de sua pertinência, temos de reconhecer, tem um alto grau de entropia e não poderão fugir de uma precipitação de propostas transmissíveis e organizadoras.

É diante dessa questões que vejo a importância deste Forum organizado pelos nossos colegas do Rio.

Os foruns têm essa grande vantagem de partirem de uma elaboração local. JAM, na Iniciativa Escola, colocava a questão brasileira, as grandes distâncias que nos separam uns dos outros e a diversidade local que dificultava uma Escola Brasileira Una.

Os foruns locais eram uma resposta que não poderia nos ocorrer, preocupados que estavamos em dar uma solução à proliferação de pequenos grupos com seus narcisismos da pequena diferença.

A proposta do um a um ao associar-se à AMP, pareceu-me , na época, uma alternativa inteligente. Hoje, porem, vejo como o que se processava era um aculturamento, através do qual, voltavamos as costas para a nossa diversidade.

Acontece que víamos , também, a possibilidade da experiência da Escola proposta por Lacan. Isso nos fascinava saudavelmente, se é que alguma coisa da ordem do fascínio pode ser em algum momento saudável e não um prelúdio de decepção. Afirmações como, " não espero nada das pessoas, mas algo do dispositivo". Ou aquilo que Lacan sintetiza tão bem em L’Étourdit: " É que não há formação de analista concebível fora da manutenção desse dizer, e que Freud , por não ter forjado com o discurso do analista, o elo no qual teria mantido as sociedades de psicanalistas, as situou a partir de outros discursos que barram seu dizer necessariamente.

Eram essas premissas que sustentavam o entusiasmo no movimento Iniciativa Escola.

Da Iniciativa Escola para a Escola, limitar-me-ei a falar da experiência de SP, por não ter vivido as experiências de outros estados. Em SP a Escola desde o início foi fachada, nos moldes em que se monta uma empresa para finalidades de lavagem de dinheiro ilícito. A operatividade desse processo se viabilizou atraves do IPP. A Escola nunca se efetivou pois ela nunca passou do IPP. A transmissão desde o início foi mantida nos moldes universitários com cursos imbecilizantes e montados para o pavoneamento de mestrias arrogantes. Não entendam aqui um ataque à universidade, instituição à qual eu mesmo pertenço. Há muita diferença entre a questão da relação da psicanálise com a universidade e a escolha do discurso universitário para transmissão da psicanálise.

Nesse sentido, é importante mencionar, tão somente por seu caráter paradigmático ,a experiência da comissão de carteis nos primordios da seção SP. Essa comissão , por não ter cedido à pressão de convidar um diretor para fazer a abertura das jornadas de carteis foi dissolvida nas vésperas dessa jornada. Que esse diretor se tenha autorizado a tanto, não era de surpreender, mas que colegas tenham se proposto a recompor os quadros da comissão sem nenhum questionamento, demonstrava em ato que não se tratava daquilo que se podia esperar de uma Escola. As jornadas transcorreram num clima de silêncio e mau estar digno da " omertà"

Pergunto-me se não poderíamos fazer uma comparação entre a relação dos institutos locais e as seções e a relação mais ampla entre AMP e Escolas.Ou seja, o que sai pela porta da Escola, o discurso universitário, volta pela janela desses institutos de caráter vitalício, com uma política cínica e stalinista.

Não uso aqui o termo cinismo no sentido de injúria, que este forum do Rio demonstra, através de seus trabalhos, como um momento já superado. Mas sim como figura da pos-modernidade tomada por Sloterdjick em Crítica da Razão Cínica, cuja formulação é : Eles sabem o que fazem, mas assim mesmo continuam fazendo, contraposta à figura já ultrapassada do Eles fazem, mas não sabem o que fazem.

Como entender a frase de JAM citada ontem por Danielle Silvestre (Eu prefiro que o caso B permaneça como uma ferida que sangra sobre o coração do cartel, para sempre) ? Ou optaremos por julgar que ao dize-la JAM não sabia o que fazia ?

Pierre Bruno, na primeira exposição deste forum, nos lembrou da importância de se discernir, na crise, o "enjeu théorique" em jogo. Mas , estamos mesmo frente ao equívoco teórico quando falamos do cinismo pós- moderno?

Slavoi Ziczeck retoma essa figura do cinismo, identificando-a a uma certa posição perversa, onde o líder não mais se coloca como mestre defendendo uma escolha política, mas sim como instrumento para o gozo de um Outro ( o que caracteriza a posição perversa). Para Stalin, todas as obscenidades( e sabemos que foram muitas) eram justificadas porque ele era instrumento do partido e do materialismo dialético.

O millerianismo na Escola, e sobretudo no Brasil, seguiu esse rumo desde o início. Mas quem seria esse outro para o gozo do qual esse millerianismo se coloca como instrumento? Um Lacan elucidado, transformado em dogma, em enunciados clichês, esvaziado de toda enunciação, pronto para ser usado politicamente; o que resumimos com o termo de lacanês.

Deleuze- Guatari denunciavam no Anti-Édipo, a vocação da psicanálise em se transformar numa axiomática propícia ao discurso capitalista, mas eles excluiam o Dr Lacan, que sabia rir, o Dr Lacan da clínica do real e do objeto a . O millerianismo não seria essa axiomática tomando corpo?

A escola proposta por Lacan tem os operadores para manter o turbilhão, a revolução permanente que assegura a emergência do discurso analítico. Na Iniciativa Escola, dizíamos, se a Escola tem seus meios( cartel e passe) para atingir suas finalidades, isso define uma política para a psicanálise. Faltava, insisto, incluir a dissolução. Nossa experiência, porem, demonstra que esses disapositivos são sabotáveis. É nessa perspectiva que colocaria o desafio que os foruns tem a enfrentar.

Domingos Paulo Infante ( membro da diretoria do FPSP)

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