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Quem precisa de análise hoje?
Tania Coelho dos Santos

A subjetividade na psicanálise, como define Lacan, não se identificaria com o que se origina com o advento da ciência moderna, com a filosofia de Descartes, apesar de ter na modernidade científica a sua condição histórica de possibilidade, o sujeito do inconsciente seria uma resposta aos impasses por esta construída, indicando justo o seu avesso, revirando aquilo que a ciência regula de ponta cabeça. As formações do inconsciente, nas diversas modalidades de retorno do recalcado, estariam então na contramão das exigências imaginárias ditadas pela realidade. Por isso mesmo, é preciso desatrelar qualquer relação direta deste pensamento com o pensamento individualista, tal como a antropologia social procurou estabelecer na esteira de Dumont. Com efeito, se a difusão da psicanálise seguiu as rotas tortuosas da modernização social, atrelada aos valores do individualismo triunfante, o inconsciente estaria nas suas bordas, indicando outros efeitos produzidos pela civilidade moderna. Tendo antes como alvo a singularidade sofrente, a psicanálise desencanta o individualismo.

Tudo isso reflui numa indagação pertinente sobre o Brasil. A psicanálise começa a se articular aqui nas revistas femininas, por formular as novas condições da mulher na nossa modernidade, nos anos 1950/1960. Nas margens da construção de instituições de formação analítica o universo feminino foi um dos confins sagrados desbravados pela psicanálise. A demanda de análise começou a se insinuar nessa fronteira silenciosa, provocando ruídos nas relações entre homens e mulheres. A irradiação sobre outros domínios do imaginário brasileiro teve aqui o seu norteamento, desfazendo os nós da sociedade tradicional. Constituíram-se novas leituras sobre o gênero, a enunciar outros predicados sobre a vida e a morte, o amor e o desejo. Foi então no futuro dos limites paradoxais entre o masculino e o feminino que a ancoragem ética da psicanálise se plantou, repetindo, numa versão brasileira, o mesmo padrão que teria se passado também nas demais tradições européia e norte-americana, nas quais aquela se difundira anteriormente.

Seria no desdobramento destas concepções que as condições da psicanálise hoje exigem outras interrogações e desenvolvimentos. Baseando-se nas contribuições de Lacan, articuladas às proposições teóricas de Foucault, a autora nos sugere outras leituras sobre o fim da análise, seguindo os rastros dos impasses da contemporaneidade. Pode se depreender disso tudo que se trata de uma ferramenta importante para elucidar os desnorteamentos psíquicos da atualidade.

Joel Birman

NOTAS BIOGRÁFICAS DA AUTORA

Tania Coelho dos Santos é psicanalista e dedica-se à clínica privada. Até 1998 integrava a Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle quando aderiu ao Campo Freudiano. Formou-se em Psicologia pela PUC em 1977 onde também concluiu seu Mestrado, em 1982, e seu Doutorado em Psicologia Clínica em 1990. Dedica-se ao Ensino Superior desde 1978, tendo lecionado na Universidade Católica de Petrópolis, na Universidade Santa Úrsula e na Pontifícia Universidade Católica. Depois de 1990 passou a ministrar cursos, orientar dissertações de Mestrado e teses de Doutorado em psicanálise no Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica na UFRJ, pioneiro nessa área de pesquisa. Coordena o Séphora: Núcleo de pesquisa sobre o Moderno e o Contemporâneo, grupo que desenvolve investigações sobre as transformações da subjetividade, da cultura, do sofrimento psíquico e das modalidades sintomáticas contemporâneas.

 

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