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Número 25 - Diciembre 2009

MESA: DEPRESSÃO NA CONTEMPORANEIDADE

APRESENTAÇÃO

Delia Catullo Goldfarb

Nos congressos anteriores me chamou muito a atenção os poucos trabalhos apresentados sobre depressão.E muito estranho já que na clínica em psicogerontologia, clinica psicanalítica no nosso caso e um dos quadros que se apresentam com mais freqüência.

Nos perguntamos que acontece com a depressão, já não existe depressão à moda antiga?, não é identificada como tal?

Conversando sobre isso em uma reunião da GER-ACOES decidimos começar a fazer supervisão de nossos casos clínicos de idosos com depressão e acompanhar com estudos teóricos.

Assim surgiu o grupo de estudos da depressão e posteriormente a decisão de trazer aqui nossas primeiras conclusões na esperança de que em 2011 tenhamos muitas outras contribuições

Claro que quando a OMS diz que 120 milhões de pessoas sofrem de depressão, nos perguntamos se será mesmo depressão, o que acaba nos leva nos a perguntarmos o que e depressão nos nossos dias quando muitas crianças são diagnosticadas com depressão e são medicados por isso

Nos perguntamos se não se estão confundindo o diagnóstico e se não se esta medicalizando e patologizando a tristeza.

Um de nossos guias e primeiras leituras foram os trabalhos de Luis Hornstein que situa a questão da depressão nos tempos atuais, na pos-modernidade, especialmente como uma questão complexa, multicausal que exige soluções cada vez mais multidimensionais.

Ele diz que uma pessoa deprimida apresenta perdida de energia, sentimientos de culpa, mudanças em atividades vegetativas como o sonho, ou a alimentação mas fundamentalmente apresentam uma visão pessimista do mundo e de si mesmos a ponto de se considerarem a encarnação do fracasso.

Hornestein diz que o deprimido e um agoniada em busca de estimulo e expressa esse peso essa agonia de diversas maneiras

O impressionante disto e as duas primeiras frases são exatamente as que caracterizam o discurso do idoso não tão deprimidos assim. Por outro lado quando alguém fala não valho nada e acredita realmente nisso, está se referindo à perda no Eu que caracteriza os estados depressivos.

Na clínica vemos que há diferentes graus ou modalidades de se dizer a mesma coisa. E aí estamos ante a questão das intensidades que Freud trabalhou tão bem.

Eu sustento a existência de um fundo depressivo no envelhecimento que tem a ver com uma realidade, mas que pode não se constituir em depressão entendida como patologia se os diversos fatores em jogo no comparecem com a suficiente força e quantidade para constituir este quadro

Para isto nos serve o conceito freudiano sempre útil de Séries complementares

Dentro de um critério de realidade, a consciência da finitude lhes marca que realmente tem pouco futuro pela frente, a maior parte da vida já foi vivida e o que resta pode ser muito bom, mas e sempre pouco.

Realmente o cansaço pode tomar conta da existência, há um declínio corporal uma necessidade de muito investimento no bem estar físico de um maior cansaço ante a maioria dos estímulos da vida, (ya no estoy para esos trotes dicen los argentinos) uma fragilidade que não necessariamente se transforme em doença e também na realidade há uma perda de valor social, então estas frases que aos 30 anos podem ter um determinado significado, a os 80 tem outro, claro que aos 30 também se pode viver uma situação semelhante (exemplos trafico no rio, jovens doentes) mas sempre há uma possibilidade de futuro se tiverem sorte, já para o velho não e uma possibilidade e sim uma certeza.

Não da para se enganar aos 85 ou 90, o tempo que resta pode ser muito bom, mas será curto. Então o velho deve fazer um luto por antecipação um luto antecipado pois e um luto por um objeto, neste caso a própria vida que ainda possui porem, sabe condenada. Este e um dos lutos de mais difícil elaboração, não impossível, e claro, mas e muito difícil porque não existe depois. Neste sentido as religiões ajudam dando essa esperança de futuro em uma vida melhor

Sempre dissemos que na depressão uma perda de objeto se transforma em uma perda do eu e o eu se pode enfrentar o futuro porque tem projetos que devem ser valorizados e aceitos socialmente.

Mas a valorização social e razão necessária, porem não suficiente. A valorização social e o mínimo necessário. Devemos considerar o próprio ideal que pode ser dissonante com o ideal social. Se próprio ideal e alto demais jamais haverá absolutamente nada que favoreça uma elaboração, os objetos não serão substituíveis, a sublimação será impossível.

Mas ai também entra a cultura contribuindo com a formação dos ideais, ajudando ou não a fazer todo um processo secundário que permita a elaboração das perdas e a garantia de subsistência do eu.

Me pergunto ate onde o eu pode agüentar fazer projetos de futuro se não há futuro ate onde pode confiar que quando enfraquecido e doente pode ser cuidado por uma cultura que não só não o valoriza quanto o submete a atos de verdadeira marginalização quando não de terror econômico como algumas aposentadorias.

Embora esta seja uma mesa de gerontologas psicanalistas queremos ressaltar o fato da complexidade da depressão que resulta de algum fator de uma historia infantil que se vê reactivado por um acontecimiento actual, onde um sistema de valores culturais são determinates y também, por que não, da bioquímica.

Neste sentido sabemos que os recursos químicos podem aliviar os sintomas depressivos, mas sabemos também que não vão solucionar a historia infantil nem o fatores negativos da realidade atual.

O que Luis Hornstein critica é a ideologia reducionista que serve para desacreditar nas quesotes subjetivas como motivadoras do sofrimento humano.

Na sociedade pós-moderna, ninguém mais morre de amor, (isso era próprio do romantismo) ninguém mais pode sofrer quando abandonado.

A exigência é como diz a canção de Paulo Vanzolini Um homem de moral não fica no chão, nem quer que mulher venha lhe dar a mão, reconhece a queda e não desanima, levanta sacode a poeira e da a volta por cima

Parece que na soc pós-moderna o sofrimento na estaria mais ligado a abandono, pobreza, violência, desemprego, terror de estado, crises econômicas, mas a um determinado tipo de estrutura molecular biológica.

Muitos profissionais se negam até em falar de outros aspetos da vida do paciente, quando o trabalho interdisciplinar, mais do que um desejo deveria ser uma obrigação.

Para termiar e antes de apresentar a minhas colegas quero ler 2 parágrafos de Luis Hornstein :

Ni en el cuerpo, ni en la mente, hay dos personas que padezcan lo mismo. En el caso de la depresión cada individuo es único como los copos de nieve.

Cada depresión, si bien comparte con las otras ciertos ejes, manifiesta una complejidad imposible de cercenar. Y uno quiere acotar el campo, por las buenas o por las malas. Las clasificaciones psiquiátricas tranquilizan:  bipolar/unipolar; grave/leve; exógena/endógena; breve/prolongada.

El listado puede ser, y de hecho ha sido extendido de manera interminable, proceso cuya utilidad ha sido limitada para el tratamiento. Querer describir el padecimiento depresivo de manera unívoca nos condena a reducir la vivencia individual a un núcleo de síntomas "supuestamente invariantes". El profesional esta angustiado y fuerza una univocidad o una bivocidad que el padecimiento depresivo no suele tener.

Suponer que la depresión no es más que algo químico es como suponer que el talento o la criminalidad son exclusivamente químicos. "Estoy deprimido, pero no es más que algo químico" es una frase equivalente a "Soy un asesino, pero no es más que algo químico", o "Soy inteligente, pero no es más que algo químico". "Me conmueven las sonatas de Mozart, pero no es mas que algo químico". Todo en una persona es meramente algo químico, si se quiere pensar en esos términos. El sol brilla, lo cual también es meramente químico, así como es algo químico que las rocas sean duras o que el mar sea salado.

DEPRESIONES: DEL REDUCCIONISMO A LA COMPLEJIDAD. LUIS HORNSTEIN - NOV.2006

Mesa:

A MANIFESTAÇÃO DE EPISÓDIOS DEPRESSIVOS NA VELHICE: O CORPO, AS IDEIAS HIPOCONDRÍACAS E O DESAMPARO - Maria Elvira M. Gotter, Psicanalista; Especializações em Gerontologia e Sexualidade Humana - FM-USP. Docente convidada do curso "Psicogerontologia: fundamentos e perspectivas" COGEAE-PUC-SP. Membro da Rede Ibero-americana de Psicogerontologia. Coordena grupos de Cinema-Reflexão. Membro da diretoria da Ger-Ações: Pesquisas e Ações em Gerontologia. E-mail: elviragotter@gmail.com

PARALISIA DO TEMPO E VAZIO NO ENVELHECIMENTO - Maíra Humberto Peixeiro, Psicóloga, psicanalista (Instituto Sedes Sapientiae), acompanhante terapêutica, Master Recherche en Psychanalyse (Université Paris 7 – França), docente da Faculdade de Psicologia São Marcos, coordenadora de grupo de estudos na área da clínica do envelhecimento e acompanhamento terapêutico, membro da OSCIP Ger-ações - São Paulo – Brasil. E-mail: mpeixeiro@hotmail.com

A ESCUTA DA DEPRESSAO NO ENVELHECIMENTO - Natália Alves Barbieri - Psicóloga e psicanalista, mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina com a dissertação: O dom e a técnica: o cuidado a velhos asilados. Atua como psicóloga clínica, acompanhante terapêutica, além de coordenar grupo de estudos e supervisão sobre acompanhamento terapêutico no envelhecimento É pesquisadora da Rede Ibero-americana de Psicogerontologia e do grupo do CNPq "Corpo, dor e doença", dedicando-se principalmente aos temas: envelhecimento, psicogerontologia, saúde mental e psicanálise na área da Saúde Coletiva. É diretora executiva da Ger-Ações - centro de pesquisas e ações em gerontologia.

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