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Revista Percurso
N° 29

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Editorial

              Pierre Fédida faleceu em Paris, em primeiro de novembro de 2002. Sua última vinda a São Paulo foi em 1998, ocasião em que, durante um seminário, tocou na função vital da depressão, comentando, “J’ai dit hier ce qui est vital: c’est la conservation du vivant”. Citar esta frase tem efeito de interpretação, se retomamos, de um de seus escritos, a idéia de que “a interpretação dá lugar a um tempo da fala e, muitas vezes, basta uma única palavra pronunciada – uma palavra já enunciada – para que a fala receba nessa palavra um outro ponto de vista”. A partir deste momento, deslocamos palavras desse pensador da psicanálise e da filosofia. Deslocamentos, afirmou ele, “são mudanças de tempo”. Neste tempo, de luto vital, evocamos a mobilidade de seu pensamento, que permanece revelando o modo de ser da atividade psicanalítica.

            Para Fédida, os lugares da análise só poderiam ser pensados em relação à situação analítica, que “não é materializável”, e não pode ser reduzida ao lugar e ao espaço da sessão. Ressonâncias dessa verdadeira crítica da prática e da metapsicologia têm movido a escritura psicanalítica acolhida e divulgada por Percurso. Vale lembrar a colocação feita em “Leituras”, no número 9, pelo autor da resenha de um de seus livros: (para Fédida) “o sítio do estrangeiro é o lugar do analista, já que a familiarização equivale à ameaça de aniquilamento da linguagem (...), o trabalho de análise é justamente o constante re-instaurar do sítio do estrangeiro a partir dos desequilíbrios da relação fala-escuta”. Neste número, um dos artigos retoma sua abordagem do informe, referida a vivências em que “não se sabe onde começa o corpo”, e o quanto estas lhe pareceram apropriadas para “nomear o que ocorre na situação analítica”, que suspende as referências convencionais.

            Entrar em contato com a obra de Pierre Fédida é fazer parte de uma certa comunidade psicanalítica, para além de qualquer filiação, na medida em que suas supervisões e reflexões escritas possibilitam um engendramento do lugar de cada analista. Propiciam voltar ao sonho, cuja insociabilidade, é “constitutiva da situação analítica e fundadora do ato de escuta da fala desconhecida nascida da noite.” Enfim, foi ele quem nos disse: “le véritable lieu de la sépulture c’est le rêve”. A fala nascida do sonho é portadora do tempo do infantil e encontra na reserva silenciosa do analista, nas ressonâncias que se mobilizam na escuta e são a evidência oculta de um trabalho, o lugar de seu despertar e da sua mobilidade. Também a escrita – ou a escritura, como diz Fédida – dá testemunho do trabalho do analista, sendo “o ato técnico” pelo qual cada um procura dar forma “à memória do escutado”.

            O tempo da psicanálise é tema da psicanálise do nosso tempo, como das páginas deste número de Percurso. Incidências do tempo sobre os destinos da psicanálise e sobre seus modelos, modos de presença do tempo e da história a ser (re)construída no brincar de uma criança com sua analista ou no “clima” instalado por um adulto em sua regressão, curtos-circuitos do tempo que se fazem presentes no corpo do analisando e mesmo daquele que o escuta. Questões que nos desafiam, repercutem em nossa prática e fazem novas exigências ao nosso dispositivo, suscitando debates como o que deu origem a três dos artigos aqui publicados. E que também nos levam a procurar novas direções em autores que conhecemos pouco, cuja clínica os lançou, em certa medida, à frente de seu próprio tempo.

            Reencontramos, neste cenário, a mobilidade de pensamento tão cara a Fédida, expressa em palavras que ele nos deixa como legado: “Sou mais da opinião de que, uma vez que nos encontramos em meio a fortes mutações da sociedade, somos levados a mudar nossos sistemas de representação, a fazer evoluir nossa sensibilidade. Isso não é uma limitação à psicanálise. Isso conduz todas as coisas a mais uma evolução dos nossos costumes. Eu digo: sejamos ainda mais e melhores psicanalistas.”

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