Política del Psicoanálisis

La crisis en la Internacional de los Foros del Campo Lacaniano

 

Mais uma luta pelo PODER

Um ano de trabalho e construção em São Paulo. Uma comunidade analítica numerosa e produtiva com um trabalho que cresce em qualidade, organização e consistência. Mais uma briga pelo PODER.

O Fórum de Psicanálise de São Paulo, não sem percalços e dificuldades, vai tomando corpo e se instituindo com a participação de cada um e de todos os interessados (e olha que são muitos!) na preservação e revigoramento do discurso analítico. E lá vem, às portas de uma Assembléia para discutir e apreciar seu estatuto, mais uma briga pelo PODER.

Aliás não vem, já estava em estado larval antes até de vir à luz. Desde o começo posições diferentes e que se polarizavam de quando em quando. Uma delas? Um Fórum aberto ou fechado? Outra delas? A natureza do Fórum é dada pelos egressos da Escola ou não? Uma mais, ainda? Repetir A EBP-SP/EBP/AMP ou criar algo novo? Uma mais, e não a última: tudo vai muito devagar, apressar o passo ou não?

Uma luta pelo PODER no umbral de se discutir uma articulação nacional. Afinal, não é mais uma história dessas que se contam no corredor? Uma briga a mais entre pessoas pelo PODER?

Digamos com todas as letras: UMA BRIGA PELO PODER, SIM!

PODER continuar o trabalho construido, PODER continuar a formação de laços de trabalho, PODER compreender antes de concluir.

PODER suportar a diferença, aproveitar as experiências, a autonomia. PODER suportar o tempo de construção da Escola proposta por Lacan.

PODER suportar o pesado vazio do real sem se lançar numa reverência conceitual, sem se por como cão de guarda do discurso analítico. PODER construir a Escola que convenha ao discurso analítico sem cair na conveniência dos alinhamentos incondicionais e cegos.

PODER tentar, sem a presunção de corrigir desvios dos ditos "maus e errados", se defrontar com o fracasso institucional, tantas vezes repetido, sem ceder ao atropelamento dos ideais. PODER, com humildade, bordar com as linhas e pontos que se pode dar no impossível, sem sucumbir à aplicação abstrata dos conceitos já supostamente dados desde o início. PODER errar no caminho, se for o caminho da comunidade na ousadia da criação, não cedendo ao brilho do já pronto que seria garantido pela boa aplicação. Não ceder às luzes cintilantes do espelho.

PODER confessar que nem sempre damos conta com o discurso analítico de tudo que se passa nas instituições e nos seus desvirtuamentos. PODER persistir na senda aberta por Freud e Lacan e cada um colocar um pouco de si, na sua medida e no seu tempo.

PODER suportar as diferenças sem a lógica da auto-exclusão, como sutil forma de excluir o outro do campo suposto da verdadeira psicanálise. PODER se perguntar e resistir à identificação do autorizo-me com o autoritarismo. PODER resistir às supostas panacéias com que se envolve o ato analítico, fora do dispositivo.

PODER buscar ir além das circunstâncias e de experiências institucionais "ebepistas", enriquecendo com a diferença o eixo fundamental, desde sempre razão de ser do Fórum de Psicanálise de São Paulo e provavelmente de outros tantos, o fazer Escola. Não ceder à doutrina feita dogma, ao dogma feito poder.

De uma vez por todas, não se trata de trocar a guarda, nem de escolher entre o bem e o mal, nem de se repetir com perfeição esperando que emerja a diferença.

Estou nesta briga por todo esse PODER. Desde o início do Fórum de Psicanálise de São Paulo estive, mesmo quando ouvi de colegas os arrependimentos pela nossa forma democrática de funcionar, a acusação de estar "ao lado do bando", de não ajudar a brecar os "terroristas" (sempre havia uma bomba a explodir!) e até a lamúria de não ter interlocutores à altura no FPSP. E tantas, e tantas arengas mais.

Fico e continuo nesta briga por todo esse PODER, não me alinho aos que, com poderes outros, se autorizam a avaliar, arbitrar e ditar regras e imposições: ou é Fórum do Campo Lacaniano ou não pode ser Fórum; só pode pertencer à comunidade analítica se... Não estou com os que falam uma sentença e as desmentem com as mãos. Não estou com os que falam em xenofobia e fazem acordos escondidos servis. Estou sim, com respeito a nossa capacidade de criar, de avançar e retroceder, sem esconder o fustigamento solerte do real.

Não posso ceder à repetição sinistra de destruir o construido, de solapar a comunidade analítica em São Paulo, de dividir para reinar.

Um tempo novo leva tempo para se compreender. Ao atropelamento respondamos com talento.

Antonio Gonçalves dos Santos

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