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Presentações de livros

Mulher no Brasil. Nossas marcas e mitos
Ensaio de psicanálise
Marisa Belém

Sumário

Apresentação, Luís Claudio Figueiredo
Introdução

Primeira Parte O joio e o trigo

O joio e o trigo
A intrusa
A voz
A galinha depenada

Segunda Parte Do divã ao mito

Pé no abismo
Sara, a enxotada
Do divã ao mito
Do supereu

Terceira Parte Marcas e mitos

De graça
Do estranho familiar
Dos encontros
Do mito
Da sexualidade feminina mitos, marcas, medos
Da interrogação
Dos olhos
Da língua
Mão no leme, pé no carnaval

Considerações... finais?

Referências bibliográficas

APRESENTAÇÃO DE LUIS CLAUDIO FIGUEIREDO

A orientação da pesquisa que resultou na Dissertação de Mestrado de Marisa Abdalla Belém, na PUC de São Paulo, diante de uma banca formada por Eliane Robert Moraes e Maria Rita Kehl, foi uma das boas experiências que tive na Universidade.

A relação entre pesquisa universitária e clínica psicanalítica exige, a cada caso, engenho e arte. Além da competência teórica e prática do psicanalista e da obediência às exigências de rigor da pesquisa acadêmica, é preciso que se criem novas formas de discurso capazes de reunir - sem desfazer as tensões - estes dois pólos, cada um dos quais extremamente cioso de sua especificidade e de seus direitos. No caso do texto de Marisa Belém, ainda soava uma outra voz. Sua ambição era a de contextualizar a clínica psicanalítica, em particular, o atendimento a mulheres, levando em consideração os elementos históricos e sociológicos brasileiros.

O resultado desta pesquisa constituiu-se em um texto bastante original em que se ligam aspectos históricos e sócio-culturais a uma experiência clínica, tudo sustentado pelo pensamento psicanalítico rigorosamente exercitado. O produto propicia uma aguda interpretação da sexualidade feminina em nosso país. De quebra, questões essenciais da teoria metapsicológica freudiana são revisitadas com inteligência e liberdade criativa. Sempre em função das exigências da clínica e dos processos psíquicos emergentes na realidade cultural brasileira.

Mas para que tudo isso pudesse ser alcançado era necessário que a autora, além de psicanalista e estudiosa das questões da cultura e dos processos de subjetivação, fosse também e acima de tudo...escritora. Esta a surpresa mais saborosa para o leitor.

E para não adiá-la mais ainda, paro por aqui desejando-lhe muito prazer e muito proveito.

ORELHA DO LIVRO - TEXTO DE OSCAR CESAROTTO

Um dos artigos que Freud dedicara à sexualidade feminina termina com um voto: que as próprias mulheres no caso, as psicanalistas levassem adiante a questão, pois só elas conseguiriam escutar o que lhes dizia respeito, para depois escrever sobre isso. Muitos anos mais tarde, foi a vez de Lacan provocá-las, exortando suas declarações sobre aquilo que apenas elas poderiam soletrar, desde que as palavras fossem capazes de nomear o impossível, o enigma da carne viva.

Marisa Belém, agora, recolhe o desafio, e responde a altura: como mulher, como alguém que já passou por um divã, mas, fundamentalmente, como analista. E, ainda por cima, brasileira. A originalidade do seu livro reside na perspectiva de um estilo literário singular, apto para tratar de assuntos tais como os mitos da feminilidade e seus fantasmas, a função materna, o masoquismo e a passividade, o desejo inconsciente de gozar, o corpo e o coração, a pulsão e o amor... Todos eles constituem pontos de partida que permitem à autora radiografar algumas trajetórias do destino feminino na terra brasilis, na clínica e na cultura. Libidos não estáticas, sempre em movimento, acabam por promover uma reflexão sobre a vontade de amar e seus percalços, propiciando o desvelamento da expropriação da subjetividade das fêmeas, afetadas de maneira desigual nos distintos conjuntos da existência social, no curso dos últimos 500 anos. Daí que o supereu das brasileiras fale em línguas: tupi-guarani, português de Portugal, sem esquecer do grito surdo da escravidão africana, tudo junto, obrigando a fruir sem curtir, penar com o prazer, e se insatisfazer com o desejo do Outro, para bem e para mal, por graça recebida, com a primavera nos dentes e um sorriso vertical...

QUARTA CAPA DO LIVRO - PARECER DA ASSESSORIA DA FAPESP

Trata-se de um texto cuja originalidade da escrita, da apresentação, assim como do próprio tema, constitui um grande mérito. Essa originalidade caminha passo a passo com o cuidado e rigor que exige um texto científico. A pesquisa bibliográfica realizada é significativa e o trabalho de elaboração sobre esta bibliografia é bem feito. Há também um trabalho importante sobre uma casuística rica, ilustrando as hipóteses levantadas.

Enfim, a proposta de um ir e vir entre a reflexão sobre a constituição da subjetividade em psicanálise (em particular a constituição do supereu da mulher) e uma abordagem histórica e antropológica que busca ressaltar mitos, mandatos e marcas peculiares à constituição das subjetividades no Brasil (e particularmente das mulheres) é uma proposta instigante que certamente contribuirá para o avanço do conhecimento nesta área. 

Marisa Belém, psicanalista, mestre em psicologia clínica pela PUCSP, professora do Centro de Estudos Psicanalíticos - CEP
E-mail
mari_lavra@uol.com.br

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