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Agenda

V Fórum Nacional da AFCL
Associação Fóruns do Campo Lacaniano

III Encontro da EPCL
Escola de Psicanálise do Campo Lacaniano

11 a 14 de novembro de 2004
São Paulo (SP) - Brasil
Hilton São Paulo

Trauma e fantasia
De que se trata?

Seminário de Colette Soler ( EPCL-Fórum de Paris )
"Angústia, afeto de exceção"

Subtemas:

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Les discours-écran (*)

Colette Soler

Nossa época está marcada por uma extraordinária produção literária sobre o traumatismo – escrito no singular – e sobre seus tratamentos possíveis.

Esta ênfase não data de hoje, remonta, em linhas gerais, ao início do século, de forma mais ou menos contemporânea com a psicanálise e com o choque na civilização provocado pela primeira guerra mundial. A noção de neurose de angústia é disso, sem dúvida, um dos primeiros traços que testemunha claramente essa conjunção. No conjunto do discurso, o tema insiste hoje particularmente na psiquiatria. Mas igualmente, nos discursos das políticas de saúde, com todas as questões que dizem respeito notadamente à indenização dos traumatizados das grandes catástrofes e também no campo do direito, quando se trata de decidir sobre problemas relativos à responsabilidade.

No entanto, na psicanálise, especialmente a lacaniana, o tema não está tão em voga, sendo suplantado pelos temas da fantasia e do sintoma. Quanto a isso, observa-se uma espécie de oposição, ou, pelo menos, um contraste: a psicanálise acentua a fantasia e, em função disso, a implicação subjetiva que ela comporta, muito mais do que o suposto automaton do traumatismo que o discurso dominante postula em detrimento de qualquer responsabilidade.

É verdade que o campo do que se intitula como sendo o do traumatismo excede de longe aquele do qual se ocupam os psicanalistas. No fundo, o traumatismo é um dos nomes que podemos dar ao horror do mal-estar quando ele vem de fora, de surpresa, sem que se possa imputá-lo ao sujeito que sofre dele as conseqüências, com horror. Em função disso, é referido a um real que assalta o sujeito, um real impossível de antecipar ou de evitar, dito de outro modo, um real que exclui o sujeito, sem relação nem com o inconsciente, nem com o desejo próprio de cada um, um encontro com o real e que o sujeito "não agüenta", como se diz, que deixa seqüelas, como as tantas marcas que cremos inesquecíveis.

É longa a lista dos traumatismos da qual a psiquiatria se ocupa hoje. Primeiro os traumatismos de guerra: a guerra de 14-18, de 30-45, a guerra do Vietnam, do Golfo, o conflito do Oriente Médio e, infelizmente, podemos acrescentar "etc"... Depois, há os traumatizados do terrorismo, os traumatizados de atentados sexuais, da violência urbana e, evidentemente, os das catástrofes naturais. Mas nesse último âmbito há alguma diferença. Com a guerra e o sexo, há a implicação do registro do Outro e de sua obscura vontade, mas com as catástrofes naturais, como inundações, erupções vulcânicas, os tremores de terra, surge o que poderíamos chamar de o mais real do real pois exclui todo e qualquer sujeito. Entre os dois seria importante ainda classificar as catástrofes nem tão naturais, como aquela de Chernobil, nas quais se coloca a questão da responsabilidade.

Impressiona o fato de que a sociedade, curiosamente, se oferece como um Outro reparador, pelo viés de seus representantes nos diversos níveis do coletivo. Se vê logo em nome de quê: de uma solidariedade que se quereria mundial, e é espantoso constatar que o abandono do sujeito moderno – tornou-se banal dizer que ele vive num mundo sem Deus –, fomentou esta compensação que eu chamaria de excessivamente humana... A morte de Deus registrada, a noção do destino transformada em golpe de uma inconsistência certeira – me refiro aqui ao destino tal como existia na Antigüidade e que está no fundamento da perspectiva trágica – e suplantado pelo sentido da contingência, ainda se mantém, no entanto, como o que Lacan chamava de contabilidade universal a se inscrever no grande livro da memória leiga. Assim, numa cultura sem Outro ou, pelo menos, em que o Outro se fragmenta e se torna inconsistente, a solidariedade coletiva se oferece como um Outro de substituição, reparador derrisório sem dúvida, mas, mesmo assim, compensador e consolador do non sense real.

Esse processo se estende e excede a questão do traumatismo: conta-se com as solidariedades humanas como suplência à inconscistência do Outro e à crise generalizada do universal. Isso é muito sensível no nível ético: as éticas contratuais que abundam hoje se baseiam sobre o acordo da comunidade ali onde o Outro falta. Quer dizer que ali onde o real subjuga sem consideração pelo sujeito, alguma coisa se fomenta como suplência, um Outro outro, outro que não é o bom e velho Deus. Parece, em todo caso, que, os traumatismos foram multiplicados. Isso quer dizer que as causas de horror crescem com o desenvolvimento da civilização? Nada mais seguro. ......................................................................................................................................

Paris, fevereiro de 1998.

( * ) Tradução de Sonia Alberti, publicada no livro: ALBERTI, S. e CARNEIRO RIBEIRO, M.A (orgs.) Retorno do exílio: o corpo entre a psicanálise e a ciência. Rio de Janeiro, Contra Capa Livraria, 2004. ccapa@easynet.com.br 

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Resumo de trabalho :

Enviar os resumos dos trabalhos (máximo de 15 linhas) para: até o dia 30 de julho  de 2004. O trabalho completo ( máximo de 6 laudas, arial ou times new roman 12, espaço 2 ) deve ser enviado até 15 de setembro de 2004 (impreterivelmente). No ato do envio do resumo de trabalho cada autor deve preencher a ficha de inscrição com seus dados pessoais de modo que o resultado da seleção feita pela Comissão Científica possa ser comunicado.  (Só serão aceitos os trabalhos enviados no prazo e de autores inscritos no evento.)

Comissão científica

Informações: Escola de Psicanálise do Campo Lacaniano - Fórum São Paulo :: epcl_fclsp@yahoo.com.br
Tel / Fax.: (11) 31 67 19 80 (falar com Raquel)

Inscrição : 

À vista até 30 de julho de 2004 :
Não associados à AFCL - R$220,00 (US$75.0)
Associados à AFCL - R$200,00 (US$70.0)
Estudantes da graduação - R$100,00 (US$35.0). 

A prazo em 4 parcelas (julho a outubro ) :
Não associados à AFCL - R$ 220,00 ( 4 x 55,00)
Associados à AFCL - R$ 200,00 ( 4 x 50,00)
Estudantes da graduação - R$ 100,00 ( 4 x 25,00).

Após 30 de julho :   
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Estudantes da graduação - R$125,00 (US$.45.0)

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