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Pastores X Psicanalista em nome de Freud

Reportagem interessante feita por Kido Guerra, do Correio Brasiliense, ouvindo pastores e a SPOB.

PASTORES X PSICANALISTAS EM NOME DE FREUD

Sociedades psicanalíticas e o Conselho Federal de Psicologia lançam cruzada contra o projeto de lei que propõe regulamentar a profissão de psicanalista no país, elaborado por instituições acusadas de banalizar e querer se apropriar da psicanálise

Kido Guerra
Da equipe do Correio

Nos últimos cinco anos, grupos ligados a igrejas cristãs vêm disseminando pelo país cursos de psicanálise de curta duração e despejando alguns milhares de novos profissionais no mercado de trabalho. Agora, estão realizando uma nova proeza: conseguiram agregar os psicanalistas brasileiros, classe tradicionalmente desunida devido à diversidade de interpretações das idéias de Sigmund Freud, em torno do combate a um projeto de lei que propõe a regulamentação da profissão em território brasileiro. O projeto, de número 3.994/ 2000, é de autoria do deputado federal fluminense Eber Silva (ex-PDT, atualmente sem partido) e talvez não chamasse tanta atenção nem mobilizasse tantos psicanalistas para firmar via Internet abaixo-assinado de repúdio à proposta, não fossem dois detalhes: o parlamentar é pastor da Igreja Batista, e a aprovação do projeto é uma das principais bandeiras da Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (Spob). A instituição tem entre seus líderes e professores pastores ligados a igrejas cristãs tradicionais, como a batista e a presbiteriana.

Desde 1998, a Spob está no meio de uma batalha jurídica em que responde a processos movidos junto ao ministério Público Federal por conselhos regionais e pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) por ''propaganda enganosa e abusiva'' ao prometer formar psicanalistas aptos ao exercício da profissão como psicoterapeutas. Ao lado de outras instituições criadas nos ultimos anos para promover cursos de formação de psicanalistas no país, a sociedade é acusada pela Associação Brasileira de Psicanálise (ABP) e pelo CFP de ''banalizar e se apropriar da psicanálise''.

O CFP vai além: alerta que os cursos oferecidos por essas entidades representam uma ameaça à saúde pública, ao lançar no mercado profissionais sem preparo para serem psicoterapeutas e fazer uma grande mistura entre psicanálise e religião, que o próprio Freud repudia em sua obra.

FORMAÇÃO EM XEQUE

O que várias dessas entidades novas no ramo prometem é atraente: seguir estritamente os preceitos de Freud, regulamentar a profissão (por isso fazem campanha em favor do projeto de Eber Silva), formar psicanalistas em cursos de curta duração, muitas vezes ministrados por pastores evangélicos, a custos baixos, com poucas aulas mensais, número reduzido de sessões de análise pessoal, distribuição de apostilas onde o pensamento de Freud é simplificado, carteirinha de terapeuta psicanalista...
O conteúdo de algumas das apostilas distribuídas aos alunos - o que contraria a doutrina de Freud por criar uma visão intermediária entre a obra original e o leitor - causa espanto a qualquer psicanalista de formação, digamos, tradicional. Elas propõem, por exemplo, um questionário (ver quadro ao lado) para ser aplicado aos futuros pacientes, ensinam como deve ser a decoração do consultório de um psicanalista, indicam as medidas do divã, explicam como o analista deve estar vestido...

Algumas instituições, como o Instituto Superior de Psicanálise de Brasília (Impar), chegam a oferecer cursos de psicanálise por correspondência, e a maioria dessas escolas formou as primeiras turmas sem oferecer uma sessão de análise sequer aos seus alunos. Enfim, quase tudo ao contrário do que os psicanalistas pactuaram entre si há décadas, mesmo depois do grande racha provocado nos anos 50 pelo francês Jacques Lacan: a essência da formação de um psicanalista é a sua análise pessoal, que deve durar vários anos. Este ponto, aliás, é totalmente ignorado pelo projeto de lei nº 3994/2000.

''Isso tudo é muito grave e perigoso. Estas instituições estão criando a ilusão de que os alunos saem dos cursos preparados para lidarem com a saúde mental das pessoas. Do ponto de vista da psicoterapia, a formação oferecida é muito aquém do que seria neces-sário'', afirma Marcus Vinícius de Oliveira, conselheiro do CFP. ''Esses cursos têm objetivo mercantilista e são verdadeiras arapucas: prejudicam pessoas e comprometem o patrimônio psicanalítico'', acrescenta o presidente da ABP, Wilson Amendoeira.

Em contraponto a essa visão, o diretor-executivo da Spob, Heitor Antonio da Silva, considera bem-vindos ''os processos mais dinâmicos e rápidos de formação de psicanalistas, pelo fato desta ciência estar perdendo espaço e diminuindo quantitativamente no Brasil''. Segundo a instituição, o Brasil precisa urgentemente de mais psicanalistas para resolver o agravamento dos problemas de saúde mental no país.
Também chama atenção o vínculo - mesmo que informal – dessas instituições com igrejas cristãs e a grande presença de pastores evangélicos em seus quadros. Apostilas e textos veiculados nos sites que instituições como a Spob e o Impar mantêm na Internet (
www.spob.com.br e www.impar.cjb.net ) misturam Freud a idéias de cunho religioso, mencionam possessão demoníaca e chegam a ter a Bíblia ou obras de Calvino como referência bibliográfica em artigos e cursos. Sempre em nome de Freud.

O artigo Transtornos Psiquiátricos Presentes nas Religiões, de Heitor Silva, veiculado no site da Spob, chega a ignorar a existência de Freud. Tendo como tema a possessão demoníaca, o artigo não faz nenhuma referência a um texto clássico escrito pelo Pai da Psicanálise sobre o assunto (Uma Neurose Diabólica no Século XVII, de 1922-23), nem a qualquer outro texto de Freud. Curiosa omissão.
Pertence ao mesmo artigo a conclamação de que ''já está passando da hora de haver cooperação entre as forças da fé e sustentação da ciência'', afirmação que soa como um nonsense absoluto no universo psicanalítico tradicional.

O que propõe o projeto

Reconhecimento da profissão de psicanalista clínico para o profissional que tiver sido formado por sociedade
psicanalítica registrada nos termos da lei.
Caberá ao MEC criar as regras para a formação de profissionais pelas sociedades psicanalíticas
Os conselhos regionais e Federal de Medicina registrarão os psicanalistas e fiscalizarão o exercício da profissão.
O psicanalista que hoje já exerce a profissão sem estar vinculado a qualquer sociedade psicanalítica terá seus direitos assegurados.

Questionário

Algumas sugestões de perguntas a serem feitas pelos psicanalistas formados pela Spob a seus futuros pacientes

Relação edipiana

De que se lembra você em relação ao corpo de sua mãe?
Recorda você alguma coisa das partes sexuais de sua mãe?
Foi você alguma vez impressionado com algum detalhe do corpo de sua mãe?

Relação com crianças

Interessa-se você pelas partes sexuais das crianças?
Que pensa você da micção ou da defecação?

Relação com as funções do próprio corpo

Quando se masturbou pela primeira vez? Em que circunstâncias?
Realizou a masturbação espontaneamente? Ou lhe disseram que o fizesse?

Por que se masturba?

Situação de família
Qual é a pessoa que exerce maior autoridade sobre você em sua família?

Quais eram as suas idéias religiosas? Quais são agora?

Fonte: Spob

PASTORES X PSICANALISTAS CONTROLAR? EIS A QUESTÃO

Projeto mexe num tabu da psicanálise, a sua regulamentação, que divide representantes de todas as tendências da ciência criada por Freud.

Os adversários da proposta de Eber Silva afirmam que o seu projeto de lei visa legitimar a ação destas instituições que vêm formando psicanalistas sem o reconhecimento das principais sociedades psicanalíticas do país, para controlar a psicanálise no Brasil.
Chamadas de ''entidades paralelas'' pelo Conselho Federal de Psicologia, elas garantem que seus cursos são legais e visam democratizar o acesso à psicanálise no país, além de popularizá-la e desmistificá-la.
O diretor-executivo da Spob, Heitor Antonio da Silva, que participou da elaboração do projeto, diz que a regulamentação unificará a formação de psicanalistas e fiscalizará suas atividades.''Sem regulamentação, o número de psicanalistas crescerá significativamente, gerando prejuízo para a verdadeira psicanálise'', diz. Outro objetivo é acabar com ''as discussões estéreis e corporativistas e as brigas entre os grupos existentes''.

Apresentado em dezembro passado na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, até o momento o projeto surtiu efeito contrário. Conseguiu mobilizar os psicanalistas contra a regulamentação, evidenciando a distância entre eles e as chamadas ''entidades paralelas''.
O Conselho Federal de Psicologia também entrou na briga.''O CFP apóia o movimento contrário ao projeto, não só porque ele é ruim, mas principalmente porque reflete exatamente o desconhecimento e o desapreço pelos valores da tradição psicanalítica'', afirma o conselheiro Marcus Vinícius de Oliveira.

VESPEIRO

O projeto do deputado Eber Silva vem mexer em vespeiro dos bons e, na verdade, aproveita uma brecha deixada há décadas pelos próprios psicanalistas. A psicanálise não é regulamentada em nenhum país, e a proposta de controlar a sua prática divide analistas das mais diversas tendências - freudianos, lacanianos ou kleinianos.
A Associação Brasileira de Psicanálise defende algum tipo de regulamentação e tem regras claras para formar seus psicanalistas, num processo que dura pelo menos oito anos.
Já os psicanalistas filiados a outras instituições, em geral lacanianas, ou os ''independentes'', se opõem à formalização excessiva na formação de profissionais, mas seguem princípios éticos em que a análise pessoal e o debate e geração de idéias são regras básicas.
Devido a esse permanente conflito, todas as propostas de regulamentação já feitas até hoje no Brasil foram arquivadas.

Se a psicanálise não existe como profissão, tem-se a impressão de que ela pode ser exercida por qualquer pessoa. Mas não é bem assim. Os requisitos preconizados por Freud e Lacan, entre outros, e pactuados entre os psicanalistas são claros: profundo conhecimento teórico, análise pessoal com um profissional e supervisão de suas atividades também por um psicanalista. A rigor, o principal instrumento de separação do joio do trigo acaba sendo o reconhecimento dos próprios psicanalistas, em geral ligados a alguma instituição ou grupo de pesquisas, debates e seminários.
Sem regulamentação, não existe mecanismo de controle e, na prática, qualquer entidade detém o direito de liberdade de expressão, podendo ministrar cursos de formação de psicanalistas. A lacuna permite que qualquer oportunista se diga analista, tenha cumprido ou não tais requisitos, e cursos sérios de formação podem dividir espaço com outros fraudulentos.

Os adversários do projeto - e da regulamentação - combatem, porém, o fato de que ele foi apresentado à revelia das sociedades psicanalíticas tradicionais do país. Mais que isso: o projeto foi co-elaborado por instituições e pessoas sem nenhuma tradição no campo psicanalítico brasileiro e ligadas a grupos que não reconhecem os psicanalistas pós-Freud nem os que atuam há décadas no país. Não reconhecem sequer a instituição criada pelo Pai da Psicanálise para proteger a ciência que em 2001 completará 101 anos: chegam a afirmar que a IPA, por ser estrangeira, não tem eficácia legal no Brasil.

As sociedades psicanalíticas tradicionais não foram as únicas excluídas da elaboração do projeto. A bancada evangélica do Congresso Nacional, em boa parte ligada a igrejas neopentecostais, também não foi ouvida, o que evidencia uma divisão entre os próprios evangélicos. ''O deputado Eber Silva nunca conversou com a bancada a respeito. Os deputados evangélicos estão vendo isso de forma negativa'', garante o deputado Pastor Jorge Pinheiro, arrematando: ''Esses pastores que partem para a psicanálise não têm igreja. Querem chegar ao público através desses consultórios.''

Tanta confusão, nem Freud explica. (Kido Guerra)

O AUTOR DO PROJETO

O deputado Eber Silva (foto), pastor da 2ª Igreja Batista de Campos, Estado do Rio de Janeiro, está em seu primeiro mandato como deputado federal e teve presença atuante na CPI do Narcotráfico. Pastor há 15 anos e extremamente ligado ao governador do Rio, Anthony Garotinho, que freqüenta a sua igreja, Eber nunca tinha se envolvido diretamente com política partidária nem com psicanálise. Eleito pelo PDT, saiu do partido com o governador Garotinho e deve ingressar nos próximos dias no Partido Social Cristão, o PSC. Outro projeto de sua autoria em tramitação pela Câmara dos Deputados cria a profissão de turismólogo.
Eber Silva teve a colaboração direta de seis sociedades que não são reconhecidas pelos segmentos psicanalíticos tradicionais do país para elaborar o projeto. As escolas tradicionais de psicanálise, por sua vez, não foram convidadas para participar das discussões.

EVANGÉLICOS DIVIDIDOS

''A palavra de Deus é soberana sobre tudo. Mas a psicanálise é uma ciência e procede de Deus. Como ciência, tem seu campo próprio de realização, mas não dá para fazer psicanálise só com Freud. Faço dois tipos de atendimento em consultório: como psicanalista e usando o aconselhamento bíblico. A importância de os pastores freqüentarem cursos de psicanálise é porque todo conhecimento é bem-vindo.'' Pastor Nivaldo Pereira Ribeiro, Da Igreja Batista do Lago Norte. Faz o curso da Spob e se forma em novembro, quando pretende abrir dois consultórios ''Não estudei o projeto e não tenho conhecimento científico sobre a psicanálise. Se o profissional corresponde às condições que a profissão exige, não vejo empecilho em que um pastor seja psicanalista.'' Benedito Domingos, Vice-governador do DF, pastor da Assembléia de Deus ''Não tenho autoridade técnica para dizer se a psicanálise deve ser reconhecida como profissão, mas é redundante dizer que o reconhecimento do profissional só pode ser feito por organizações criadas com essa finalidade. Não dá para reconhecer um profissional se a formação é em caráter precário.'' Wasny De Roure, Deputado distrital do PT, batista ''A psicanálise tem uma proposta muito ampla. A igreja tem capacidade de gerar uma alienação gravíssima. Por isso os pastores devem estar buscando ser menos castradores, aprendendo com a psicanálise.'' Edmar Jacintho, Diretor-executivo do Corpo Cesban, presbiteriano ''Os cursos são uma grande contribuição para os pastores. Atendemos na igreja muitas pessoas que têm mais problemas psicológicos do que espirituais, e às vezes não sabemos como lidar com elas.'' Pastor Raul José Ferreira, da Igreja Batista Vida Nova, que quer fazer um curso de psicanálise ''Sou contra misturar psicanálise e religião. O homem de Deus é reconhecido pela Igreja. Esses pastores-psicanalistas são uns espertinhos que estão sem condições de manter um templo. Só Deus sabe o que pode acontecer nesses consultórios...'' Pastor Agnaldo de Jesus, Deputado distrital do PFL, há 13 anos pastor da Igreja Universal do Reino de Deus

Colaborou Paloma Oliveto

PASTORES X PSICANALISTAS - ESTRANHO CASAMENTO

Para Sigmund Freud, a psicanálise deveria ser confiada a uma corporação de leigos que ''não teriam a necessidade de ser médicos nem teriam o direito de ser padres''

O fato de pastores evangélicos ensinarem psicanálise e atuarem como psicanalistas - Bíblia e divã juntos - também parece bizarro. Tão estranho como seria se padres católicos, líderes espíritas, budistas, judeus ou muçulmanos abraçassem a psicanálise para propagar suas idéias além dos limites de suas práticas religiosas.

Sigmund Freud, judeu não praticante e crítico mordaz das religiões,deixou claro que dogmas religiosos e teorias psicanalíticas não podem se misturar, sob o risco de a psicanálise perder seu caráter crítico. Em correspondência ao pastor protestante suíço Oskar Pfister, pioneiro na aplicação das teorias psicanalíticas na pedagogia, Freud desfere: ''Eu não sei se você adivinhou a ligação entre a Análise Leiga e a Ilusão'', numa referência aos artigos A Questão da Análise Leiga e O Futuro de uma Ilusão, de 1926 e 1927. ''No primeiro, eu quero proteger a análise em relação aos médicos, no outro em relação aos padres. Eu adoraria confiá-la a uma corporação leiga de ministros de almas que não teriam a necessidade de ser médicos nem teriam o direito de ser padres.''

Eber Silva, porém, não vê incoerência em ligar religião à psicanálise. Segundo o deputado, que garante não ter vínculo com nenhuma escola psicanalítica e se surpreende com as críticas à sua proposta, a religião tem que estar sensível à realidade do tratamento terapêutico promovido pela psicanálise.
O que o bem intencionado parlamentar só deve estar percebendo agora é que o ''bombardeamento'' ao seu projeto - como prefere o diretor-executivo da Spob, Heitor Silva - não é dirigido apenas à proposta de regulamentação da profissão de psicanalista, mas ao próprio uso da psicanálise por grupos ligados de alguma forma a igrejas cristãs.

Este inusitado casamento divide os próprios evangélicos.

O Evangelho estuda o comportamento humano por um ângulo diferente da psicanálise, não se pode misturar as duas coisas'', afirma o deputado federal Pastor Jorge Pinheiro (PMDB-DF), da Igreja Universal do Reino de Deus. ''Freud tem pontos de vista com os quais nós, evangélicos, discordamos. A Bíblia, por exemplo, fala de espíritos ruins. Como colocar isso do ponto de vista freudiano? A psicanálise é mais material, e nossa crença gira em torno do espiritual.'' ''Por que chamar isso de psicanálise?'', questiona a presidente da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Regina Mota, ligada à ABP que, por sua vez, é o braço brasileiro da Associação Internacional de Psicanálise (IPA), fundada por Freud em 1910. ''A religião não pode interferir no processo psicanalítico'', afirma.

Segundo Eber Silva, essa interferência não ocorre. ''A Spob dá cursos no Brasil inteiro, e a maioria dos alunos não são evangélicos. Os cursos são dados sem prevalecer a questão da religiosidade'', garante. ''A Spob é uma sociedade laica, aberta, não mistura religião com psicanálise. Não admitimos que ninguém meta religião no meio. Eu não levo a minha religião para a sala de aula'', garante Heitor Silva, que, além de psicanalista autodidata há 29 anos, também é pastor batista.
No contra-ataque às críticas desferidas por representantes de sociedades psicanalíticas tradicionais do país, a Spob tem sistematicamente movido processos judiciais contra seus detratores, acusados de preconceito religioso ao demonstrarem ''repúdio pelos seguidores da religião evangélica''. Seus integrantes creditam as críticas ao fato de a sociedade ter crescido demais, formando cerca de 2 mil 500 pessoas desde 1996, e afirmam que os psicanalistas tradicionais querem ''reter o poder psicanalítico no país a qualquer custo''. Outra instituição que está sendo processada pelo Conselho Federal de Psicologia, o Corpo Cesban, garante que seus cursos não misturam religião e psicanálise. ''Quem nos critica não entende o projeto freudiano. Temos uma base freudiana forte, mas com uma cultura plural. Não dá para trabalhar só com Freud. O Corpo faz uma releitura freudiana. Quando falam que misturamos religião com psicanálise não entendem o que estão dizendo'', diz Edmar Jacintho, presbiteriano, diretor-executivo da instituição. (KG)

Reflexões de Freud

''Nós, analistas, temos como objetivo uma análise do paciente tão completa e tão profunda na medida do possível, nós não queremos consolá-lo pela admissão em uma comunidade católica, protestante ou socialista, mas enriquecê-lo a partir de seu interior, levando a seu ego as energias que, inacessíveis por causa do recalcamento, estão ligadas no seu inconsciente.'' ''Não é possível, em três ou quatro meses, transformar um homem que até então não tinha entendido nada de análise num analista capaz. É menos possível ainda recuperar, num neurótico, em tempo igualmente curto, as modificações que devem devolver-lhe sua capacidade perdida de trabalho e alegria.'' Em A Questão da Análise Leiga (1926) ''A religião seria a neurose obsessiva universal da humanidade'' Em O Futuro de uma Ilusão (1927)

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