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2001 - A ODISSÉIA LACANIANA

Reportagen com Eduardo  Vidal e Sonia Alberti

A primeira reportagem teve lugar num  dos salões do segundo andar do Hotel  Gloria, logo após acalorado debate  no  workshop sobre  "Lacan e a Escola", coordenado por Eduardo Vidal , membro da Escola  Letra Freudiana de Rio de Janeiro, onde foram apresentados trabalhos de Maria Vitória Bittencourt e Ana Canedo.

O debate centrou-se na análise, revisão e  crítica das modalidades e lugares ocupados  por  Freud,  por  Lacan, e, em termos  gerais, pelos psicanalistas na transmissão da psicanálise.

Sonia Alberti,  membro do Fórun do Campo  Lacaniano  de Rio de Janeiro, que havia participado ativamente do debate, encontrava-se ainda presente na sala, depois da discussão dos trabalhos e também foi convidada a participar .

Sara E.Hassan: Eduardo Vidal, você gostaria de fazer algum comentário sobre a sua presença neste encontro, a Odisséia, ou enquanto coordenador de uma das mesas hoje?

Eduardo  Vidal: Penso que o momento da Odisséia Lacaniana, na comemoração dos cem anos do nascimento de Lacan, é privilegiado porque de fato as instituições e as Escolas se encontram na necessidade de se abrir à comunidade de analistas e, de alguma maneira, sair do eixo no qual articularam a sua organização.

Então, o convite da Odisséia Lacaniana está sendo bem recebido na medida em que permitem discutir a formação do analista entre os que trabalham no campo psicanalítico e em particular no Campo lacaniano.

Espero que a participação na Odisséia possibilite o encontro com colegas e amigos, como também o surgimento de novas formas de trabalho entre Escolas, evidentemente mantendo a particularidade e o estilo de cada um.

Então este é um ponto de partida que pode ser promissor.

Sara E.Hassan: Poderia estar relacionando isto que você fala agora com que você falou antes respeito da transmissão a partir de uma posição mais des-subjetiva, por exemplo, e não "personalizada" (centrada em alguém).

Eduardo Vidal: Exatamente. Penso que existe, por uma questão da estrutura de linguagem, uma tendência para encarnar em sujeitos a transmissão da psicanálise, com efeitos sem dúvida, de retrocesso. O retorno ao texto, operado por Lacan, coloca o escrito na causa de uma transmissão. Disso se esperam efeitos. Efeitos no real. É isso que chamamos de "efeitos de des-subjetivação", que apontam a causa da psicanálise. É uma questão que se torna hoje essencial para os analistas.

Sara E.Hassan:  Sonia,  você gostaria de fazer algum comentário ao que Eduardo Vidal está falando?

Sonia Alberti: Sim, acho que a psicanálise pode ter essa interlocução  que o Eduardo está falando. Que o próprio convite feito para o Eduardo foi  um convite que suscitou um outro convite, da Escola Letra Freudiana (do Rio de Janeiro), de haver uma interlocução maior entre Escolas.

Sara E.Hassan: Mas quais...?

Sonia Alberti: Ainda não somos Escola...(sorriso). Mas Eduardo sabe muito bem, assim como várias pessoas, que há um movimento para, em direção à Escola, certamente. Na realidade, de qualquer forma, a experiência de Escola que a gente tem, nos Fóruns do Campo Lacaniano, é uma coisa que a  gente já traz com a gente e se houve uma crise na Escola na qual participava, particularmente, para mim, é justamente porque o que é da Escola foi uma das razões da crise. A Escola continua de alguma forma também conosco, e se nós fundarmos agora uma Escola, na verdade nós seguimos, e isto está claro para mim: fundar uma Escola que já foi fundada por Lacan em 64.

Nós vamos re-fundar, é  assim  como a gente re-funda sempre, e re-age sempre a um novo ato, acima  de um ato que foi feito. Eu  acho que é muito importante, muito, manter uma coisa que na época em que estávamos na AMP era quase que impossível: a interlocução com outras Escolas. Mas agora não, ao contrário.

Está claro que  a gente, o que mais nós queremos é interlocução com outras Escolas, cada um com suas transferências. Porque, se por um lado a transferência de trabalho, eu aí concordo com Eduardo, se faz em cima do texto freudiano, antes de mais nada, porque Freud tinha uma forma de transmitir alguma coisa por escrito, alguma coisa que é do âmbito da Causa freudiana (isso Lacan tentou recuperar com textos que são julgados muito difíceis de ler, com o que conseguiu, pelo menos, enigmatizar o  texto freudiano que  fora  muito achatado por muitos leitores de Freud), por outro lado, também existe uma transferência que percorre o trabalho, no quotodiano dele.

Sara E. Hassan: Por  algum motivo, digamos, o diálogo se torna possível com /entre algumas Escolas e  não com outras neste momento, pelo menos

Eduardo Vidal: Exato, o que permite o ponto de intersecção é uma das premissas básicas do que consideramos na psicanálise, a clínica psicanalítica e a experiência de formação do analista.

Então, nesse sentido, a posição da Escola Letra Freudiana que já é de longa data, nunca foi partidária mas se sustenta no ensejo de consolidar o discurso a partir da transmissão textual e fazer valer a função de escrito sobre a hierarquia de eventuais chefias.

Sara E. Hassan:  Bem. Acho que podemos parar por  aqui.Obrigada.

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