Psicoanálisis, estudios feministas y género

"A culpa nossa de cada día ..."
Pontos para reflexão sobre a subjetividade feminina
em torno de "Totem e Tabu" à luz da
Dialética de Gênero

Nadia Regina Loureiro de Barros Lima (*)

 

RESUMO

Neste trabalho se propõe desenvolver uma reflexão sobre a temática culpa X mulher na história, tendo como fio condutor a obra de Freud "Totem e Tabu", mais particularmente o que se refere à "refeição totêmica". Como "refletores" teóricos de análise, a formação da consciência e a dialética de gênero tendo em vista a tentativa de entendimento da relação socialmente construída entre homens e mulheres , bem como da construção da subjetividade feminina. Dividido em três momentos, o trabalho inicia com o tema "Totem e Tabu" e o lugar da culpa nos primórdios da civilização: o parricídio primevo; em seguida, aborda "A mulher mítica como desagregadora da ordem humana: uma culpa atribuída" e, enfim, a questão: "A culpa na mulher: uma projeção da culpa do outro?".

 

Por ocasião de um seminário de pesquisa sobre a condição da mulher em diferentes espaços sociais2, foi surpreendente a presença de um traço comum nas falas da maioria das mulheres que, tal qual um elo interconectando os diferentes relatos, se fazia presente: o sentimento de culpa. A surpresa advinha do fato de que, de acordo com a exposição das pesquisadoras, o conteúdo da fala das pesquisadas ao mesmo tempo que expressava situações existenciais que remetiam para formas várias de opressão (estupro, assédio sexual, longas jornadas de trabalho, salários injustos etc.) passava também uma espécie de justificativa à essa situação, como se o externamente apreendido como "injusto" na verdade, não o fosse, à medida que, parecia esconder uma lógica interior que justificava a relação. No decorrer das falas, o adágio popular "além d a queda, o coice" parecia cair como uma luva nas representações existenciais dessas mulheres que, além de exploradas, se expunham como culpadas, apresentando ainda um agravante a mais: de acordo com os relatos, eram as próprias mulheres que se auto-culpabilizavam. No término da exposição, uma questão no ar:

Por que tanta culpa?

No transcurso da história da humanidade, atravessando a noite dos tempos, um traço psico-cultural vem constantemente se fazendo presente na vida das mulheres, qual seja, o sentimento de culpa; de Eva aos divãs psicanalíticos, este sentimento tem funcionado como uma marca da subjetividade feminina e, a nível do simbólico, está sempre associado à natureza desagregadora da mulher: foram Eva, Pandora, entre outras, as primeiras responsáveis pela disseminação do mal no mundo. Seja no relato mítico, seja na vida cotidiana, culturalmente as mulheres vêm sendo depositárias de uma culpa histórica. Onde buscar as raízes desse fenômeno?

Do emaranhado novelo da trama social, vários fios se expõem como possíveis pontos de partida para uma reflexão sobre essa temática culpa x mulher na história; desses tantos, foi eleito como fio condutor, tal qual o ‘fio de Ariadne" nesse mergulho nas brumas dos tempos, o apontado por Freud em "Totem e Tabu", quando busca explicitar a origem da organização social, com os primeiros pilares da religião e da moral sendo fincados, mais particularmente, a "refeição totêmica" denunciadora da difícil relação pai X filhos. Para iluminar estes cenário, a formação da consciência e a dialética de gênero funcionando como "refletores" teóricos tendo em vista o entendimento da relação socialmente construída entre homens e mulheres e, particularmente, da construção da subjetividade feminina.

I. "Totem e Tabu" e o lugar da culpa nos primórdios da civilização: o parricídio primevo

Certo dia, os irmãos que tinham sido expulsos retomaram juntos, mataram e devoraram o pai, colocando assim um fim à horda patriarcal

Freud3

O período correspondente aos fins do século XIX e início do século XX foi fértil na emergência de correntes de pensamentos teóricos fundamentais às tentativas de explicação da origem e estruturação da sociedade; dentre estas tantas, a Psicanálise contribuiu de modo marcante, particularmente com a obra de Freud "Totem e Tabu", publicada em 1913. Tal como o Marxismo, mais especificamente Engels com a sua obra "A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", Freud vai se fundamentar em dados antropológicos, como foi o caso das pesquisas de Morgan e outros antropólogos ingleses, para explicar os primórdios da organização social. Partindo destes dados de investigação antropológica, ambos vão se encontrar em comum acordo a respeito da trajetória seguida pelos humanos, distanciando-se da animalidade, rumo à humanidade, ou seja, a união de forças para sobreviver. Nas razões porém, que justificaram este fato, discordam radicalmente pois se em Engels não há clareza no porquê dessa ocorrência, quando muito aponta para a necessidade de sobrevivência, em Freud a razão é transparentemente explícita: na horda primitiva o ciúme e o incesto se encontram na raiz do processo humanizador.

Para o criador da Psicanálise, nos primórdios da humanidade, as relações entre os primitivos, na horda, contava com a monopolização do pai, que se apropriava das mulheres existentes em detrimento dos filhos. Em virtude disso, a figura paterna suscitava nos filhos tanto um sentimento de inveja, como de medo, ao ponto de, não suportando mais a situação vigente, os filhos se unem, atacam ao pai e matam-no, cometendo o parricida primevo. Em conseqüência desse ato, os filhos a partir de então terão acesso às mulheres, objeto de desejo deles; todavia, prevendo que as lutas iriam continuar, os filhos entram num pacto (acordo) e instituem um interdito para tornar possível a ordem e a convivência sociais: o tabu do incesto. Os filhos não terão mais acesso a todas as mulheres indistintamente mas, apenas àquelas que não estiverem unidas por laços de sangue. Passavam assim a renunciar às mulheres que desejaram e que tinham sido motivo principal para se livrarem do pai, ato este que resultou num sentimento de culpa e na institucionalização da moralidade e da penitência; nesse sentido, pela solidariedade de todos, advém o alívio da culpa grupal. A figura do pai passa então a ser reverenciada pela institucionalização do totem, lembrança viva da ordem a ser socialmente mantida. Para Freud, a relação dos filhos para com o pai assassinado é marcada por um traço de "ambivalência emocional, no sentido próprio da expressão – ou seja, a existência simultânea de amor e ódio para com os mesmos objetos (...)4 e isto fundamenta a origem de muitas instituições culturais.

Ao mesmo tempo que o pai é invejado e temido (ambivalência), passa a ser também culpabilizado pelo crime cometido pelos filhos que, através do totemismo, se autojustificam:

Se nosso pai nos houvesse tratado da maneira que o tosem nos trata, nunca nos teríamos sentido tentados a matá-lo.5

No primórdios da humanidade portanto, lá estava a refeição totêmica, expressando um ato repetitivo e comemorativo do crime cometido, que marca o início da organização social, bem como de restrições morais e religiosas; em torno do pai morto, que passa a exercer maior restrição e controle do que quando era vivo, a comunidade passa desde então a se estruturar, estando aí as bases primitivas da humanização. O totem vem exatamente substituir a figura do pai, principalmente por causa do sentimento de culpa filial, expressando não só remorso e tentativas de expiação, mas também recordação do triunfo sobre o pai, daí o clima de festa rememorado na refeição totêmica. A partir desse fato primevo, Freud desenrola o fio explicativo da história em que iniciando com o pai, sucedem a ele, o totem, deuses, deus, reis, sacerdotes e sistema patriarcal.

 

II. A mulher mítica como desagregadora da ordem humana: uma culpa atribuída

Desde sempre, em toda parte, tem-se medo do feminino, do mistério da fecundidade e da maternidade, "santuário estranho", fonte de tabus, ritos e terrores. Mal magnífico, prazer funesto, venenosa e enganadora, a mulher é acusada pelo outro sexo de haver trazido sobre a terra, a infelicidade e a morte.(...) Perigosa portadora de todos os males, Eva e Pandora(...).

CHAUI, Marilena6

Através da história da humanidade, para além de tempo e espaço, as mulheres vêm sendo representadas através de figuras míticas que têm em comum o traço cultural de serem identificadas como seres portadores do pecado e do mal disseminados no mundo. São esses os casos, entre tantos outros, de Pandora da mitologia grega à Eva da tradição judaica, da mulher sendo representada como causadora de calamidades, cometendo sempre a falta original, essas ocorrências são resultantes de uma incontrolável curiosidade (de saber) que suscita a desobediência a uma ordem preestabelecida, seja abrindo a caixa que continha os males da humanidade, seja comendo o fruto proibido. O processo da criação sob uma visão teogônica tem no mito do Éden, Eva e a serpente como protagonistas da cena que disseminou o caos na ordem reinante até então. Nestas cenas, as figuras míticas femininas são movidas pela curiosidade, teimosia, rebeldia, a ponto de desafiar deus(es), induzir o macho da espécie humana ao pecado, sendo em suma, "portas de entrada" do mal no mundo, sempre remetendo à ameaça e ao castigo.

No banquete totêmíco relatado por Freud em "Totem e Tabu" esta cena se repete pois, embora a mulher ocupe um espaço mínimo nessa ocasião inaugural da sedimentação da ordem humana, mesmo passivamente, vai ser a responsável pelo crime cometido, o "parricida primevo"; essa passagem relativa à humanização construída por Freud, em que crime-culpa constituem os pilares originários da cultura, estando a mulher como objeto de desejo nesse processo, faz lembrar a teoria de Lévi-Strauss nas "Estruturas Elementares do Parentesco" em que a "troca de mulheres" e o "tabu do incesto" vão funcionar também como fontes originárias da cultura e, em ambas as teorias, a mulher é representada como objeto. De acordo com a teoria lévi-straussiana portanto, parece que a derrota histórica mundial das mulheres estaria associada à origem da cultura o que leva Rubin a afirmar que se essa análise é "adotada em sua forma pura, o programa feminista deve incluir uma tarefa até mais onerosa que a exterminação dos homens, ela deve procurar livrar-se da cultura e substitui-la por alguns fenômenos inteiramente novos na face da terra".7

Para Freud, as sementes da civilização rememorada na refeição totêmica não conta com a presença ativa da mulher, que se faz presente apenas como objeto de desejo e desavenças. Diante desse quadro, pode-se questionar: onde situar as deusas-mães – "no princípio eram as deusas" – que imperavam na aurora dos tempos? Freud, no que se refere à essa questão, não sabe explicitar, afirmando: "Não posso sugerir em que ponto deste processo de evolução é possível encontrar lugar para as grandes deusas-mães, que podem talvez em geral ter precedido os deuses-pais".8

Essa e tantas outras questões busca-se responder, no entanto, o que se resguarda é que desse relato mítico, que situa a mulher não só como objeto, mas também como agente desagregador, o que se busca preservar não é propriamente a veracidade empírica do evento simbólico relatado mas a força mítica nele contido, seu significado simbólico e as razões que levaram à sua constituição; e isso porque, lembrando Foucault, o que importa deter são "os efeitos de verdade que produzem"9 que, no caso, não são nada desprezíveis, sobretudo pelos efeitos que suscitam nas mulheres que passam a acreditar neles, submetendo-se a eles por conterem para elas, força de verdade. É nesse sentido que, em seu estudo antropológico sobre o mito do matriarcado, Bamberger afirma que "Se a mulher realmente se comportava ou não de acordo com as acusações registradas no mito, não é uma solução para a compreensão da mensagem persistente do mito. O que é uma solução, é o impulso ideológico da argumentação do mito sobre o Governo Feminino, e a justificativa que oferece para o domínio masculino através da evocação de uma visão alternativa catastrófica – uma sociedade dominada por mulheres. O mito, em sua repetição de que as mulheres não sabem como dirigir o poder quando o possuem, reafirma dogmaticamente a inferioridade de suas posições atuais".10 Nas relações cotidianas,

não só os homens, mas as próprias mulheres se vêem muitas vezes como fator de desagregação social, como um perigo para si próprias e para os outros, algo que deve ser controlado e vigiado, ter seu espaço limitado na vida pública e não ter acesso ao estatuto de maioridade.

Retornando ao "Banquete totêmico", em seguida ao ato parricida, os irmãos renunciam às mulheres que desejaram e que foram motivo do assassinato do pai, morte esta – crime– que iria suscitar no grupo filial um sentimento de culpa só aliviada pela solidariedade de todos. É nesse sentido, que o binômio crime- culpa constitui marca indelével no momento inaugural dos primórdios da humanidade; nessa época, ainda coexistem, entre os primitivos, a intenção e o gesto, o pensar e o fazer, a realidade psíquica e a realidade concreta visto serem eles desinibidos, sendo o pensamento "transformado diretamente em ação. Neles, é antes o ato que constitui um substituto do pensamento(...)" ao contrário dos neuróticos que são inibidos em suas ações, pois "o pensamento constitui um substituto completo do ato".11 Comparando o sentimento de culpa entre os primitivos e os neuróticos. Freud vai estabelecer a seguinte distinção: enquanto nos neuróticos as realidades psíquicas consistem em intenções e não em realidades concretas, porque não se dá a execução, nos primitivos a execução, o ato em si, tem primazia. É este aspecto que interessa particularmente à análise culpa X mulher: apesar da não-ação, há prevalência/permanência da sensação do ato, nas palavras de Freud "pavor da consciência" comparando-a com a ansiedade porque "há algo de desconhecido e inconsciente em conexão com a sensação de culpa, a saber, as razões para o ato de repúdio. O caráter de ansiedade que é inerente à sensação de culpa corresponde ao fator desconhecido(...) como se existisse uma "mente coletiva":

Em particular, supus que o sentimento de culpa por uma determinada ação persistiu por muitos milhares de anos e tem permanecido operativo em gerações que não poderiam ter tido conhecimento dela".12

A ocorrência cotidiana e histórica do sentimento de culpa na mulher parece remeter para esse aspecto de uma vivência culposa, cujas razões são desconhecidas, a não ser pela atribuição de outrem que dá-lhe dimensão de verdade. Além desse desconhecimento presente na concepção freudiana de culpa, fundamentada em bases insconscientes, existem também outras dimensões de ordem consciente na abordagem da culpa:

Violação ou inobservância de uma regra de conduta que produz lesão do direito (jur.). Falta voluntária de diligência ou negligência, ato de imprudência ou imperícia, sem propósito de lesar, mas de que resultou a outrem danos ou ofensas de seus diretos; falta voluntária a uma obrigação; pecado; delito (...)13

Seja qual for o nível de abordagem – consciente ou inconsciente – a questão da culpa remete sempre para o campo de estudo da "consciência social", para a busca de entendimento de como os seres humanos na sua relação com o mundo social e natural, apreendem esses mundos e a si mesmos enquanto seres pensantes. Se isso vem sendo uma das preocupações constantes na história das idéias, multivariada vem sendo as modalidades de explicação para ela que, na relação sujeito-objeto, ora se privilegia um, ora se privilegia outro, ora se privilegia a dialeticidade relacional existente entre eles. No desenvolvimento dessa reflexão sobre a temática culpa x mulher, uma leitura dialética da construção da consciência funcionará como diretriz básica de norteamento desse processo de esclarecimento, donde a questão: Como se forma a consciência?

III. A culpa na mulher: uma projeção da culpa do outro?

após uma penosa aflição, os selvagens são obrigados a produzir uma reação contra a hostilidade latente no seu inconsciente semelhante à que é expressa como autocensura obsessiva no caso dos neuróticos(...). A defesa contra ela assume a forma de deslocá-la para o objeto da hostilidade, ou seja para os próprios mortos. Esse procedimento defensivo, comum tanto na vida mental normal quanto na patológica, é conhecido como "projeção".

FREUD14

De acordo com a visão dialética da história, no processo d e construção do conhecimento não há separação entre sujeito-objeto e a consciência seria o resultado desse movimento recíproco visto ser a dialética esta "relação sujeito-objeto, relação que não é, nem separação absoluta, nem ligação imediata, mas separação sempre renovada e sempre suprimida e finalmente conciliação, mas só através de mediações sucessivas, pelo trabalho, que é concebido no sentido mais vasto da cultura do homem, de ação de se fazer objeto; de, através do objeto, reatingir a objetividade".15

Neste sentido a relação dialética eu-outro são pólos inseparáveis à construção da consciência, visto que a autoconsciência somente ser possível no espelho do outro, a partir das relações que se estabelecem entre eles, pelo processo de reconhecimento. Nesse sentido é fundamental o lugar ocupado pela relação no processo de construção do ser e da consciência ao ponto de, seja qual for o espaço social em que os sujeitos estejam polarizados, sua definição subjetiva só ocorrerá considerando-se o processo relacional. É seguindo essa linha de raciocínio, que n"O capital" Marx questiona:

O que é um escravo negro? Um homem da raça negra. Essa explicação é tão boa quanto a outra: um negro é um negro. Ele se torna um escravo somente em certas relações(...).16

O caráter fundamental da relação eu-outro no processo definitório da subjetividade tem como premissa básica a idéia de que "o homem se vê e se reconhece primeiro em seu semelhante":

O que sucede à mercadoria, ocorre, de certo modo, ao ser humano, O homem se vê e se reconhece Primeiro em seu semelhante, a não ser que já venha ao mundo com um espelho na mão ou como um filósofo fíchtiano para quem basta o "eu sou eu". Através da relação com o homem, Paulo, na condição de seu semelhante, toma o homem Pedro consciência de si mesmo como homem. Passa então,, a considerar Paulo – com pele, cabelos, em sua materialidade paulina – a forma em que se manifesta o gênero humano.17

Essa relação porém não se caracteriza por laços harmoniosos pois desde os primeiros contatos há lutas contraditórias, o que nas palavras de Hegel se expressa através da "Dialética entre o senhor e o escravo", cuja relação se realiza através do reconhecimento, visto que "A consciência-de-si é em si e para si quando e porque é em si e para si para uma Outra; quer dizer, só é como algo reconhecido"18; em outros termos, a autoconsciência precisa de outra autoconsciência para se conhecer, pela necessidade do autoconhecimento precisar de um termo de comparação com os outros. Entre os pólos envolvidos na relação predomina o caráter de dominação entre eles, dominação esta que historicamente e de acordo com os sujeitos envolvidos, vai assumir roupagens diversas.

No que se refere à construção da consciência , esta dominação ocupa lugar de destaque enquanto motor propulsor do delineamento da perfomance subjetiva dos sujeitos sociais inseridos que estão num processo histórico, cujas condições existenciais intervêm diuturnamente:

A consciência nunca pode ser mais do que o Ser consciente; e o Ser dos homens é o seu processo da vida real E se em toda a ideologia os homens e as suas relações nos surgem invertidos, tal como acontece numa câmera obscura, isto é apenas o resultado do seu processo histórico do mesmo modo que a imagem invertida dos objetos que se forma na retina é uma conseqüência do seu processo de vida diretamente físico. 19

N"0 Capital" Marx, embora se reconhecendo discípulo de Hegel lhe dirige duras críticas por ele explicar o processo de construção do pensamento de modo desvinculado das condições materiais, atribuindo à idéia o movimento de autodeterminação, percebendo-a como um sujeito autônomo (dialética de cabeça para baixo), enquanto para ele urge que primeiro se separe os produtores das idéias para em seguida se puder pensar a idéia. Baseando-se nas determinações recíprocas das condições existenciais e idéias que expressam, o ideal constitui o material traduzido e transposto na mente do homem, ao contrário de Hegel que via a idéia como "demiurgo do real".

É em decorrência desse processo de distorsão/inversão do real que Marx na análise da mercadoria, enquanto peça-chave nas relações capitalistas, afirma que "na consciência e na ciência burguesa a mercadoria aparece como ela não é, coisificada, dotada de propriedades exclusivas, ocultando as relações sociais entre os seres humanos responsáveis pela existência dela."20 Essa representação distorcida de autoria da classe burguesa sobre o caráter misterioso da mercadoria, tende a ser projetada e imposta a todas as demais classes sociais que passam a ver o mundo também pela ótica dos dominantes. Esse processo está presente não só nas relações socioeconômicas mas nas diversas relações sociais, como por ex., na religião em que os produtos da vida mental (os deuses) passam a adquirir vida própria, um caráter fetichista, caráter este indispensável à existência e persistência de relações alienadas 21 (ocultamento, dissimulação. fetichismo, reificação), resultantes do exercício da dominação.

Tem-se portanto que no processo de construção da consciência, há de se considerar o peso da relação de dominação e de processos alienatórios e idelogizantes, em todos os espaços sociais, entre eles, o das relações de gênero, donde se questionar:

Como, através da história, a dialética de gênero vem ocorrendo?

Como pensar a temática culpa X mulher a partir da construção da consciência , sob a perspectiva da dialética de gênero?

Dentre as diversas formas de relação entre sujeitos no espaço social, a relação de gênero constitui um dos pilares básicos sobre o qual se eleva o edifício social, ao lado das classes, raças, entre outras.

Entender como socialmente se constróem e se mantêm as relações entre homens e mulheres através da história é objeto de estudo de gênero, enquanto categoria analítica à medida que busca apreender a interrelação do simbólico-estrutural-individual. É nesse sentido que entende-se por gênero "uma categoria analítica através da qual os humanos pensam sobre e organizam sua atividade social antes que uma conseqüência natural da diferença de sexos, ou ainda uma variável designada para pessoas individuais em diferentes meios culturais."22 Enquanto categoria de análise, gênero é um elemento constitutivo de relações sociais. manifesto através de símbolos, conceitos normatívos, organizações institucionais e identidades subjetivas. bem como a forma primeira de significar relações de poder23. Como tal consiste num conceito de natureza dialética tendo em vista o papel exercido pela idéia de relação:

O que é uma mulher domesticada? Uma fêmea da espécie. Uma explicação é tão boa quanto a outra: uma mulher é uma mulher. Ela só se torna uma doméstica, uma esposa, uma mercadoria, uma coelhinha, uma prostituta ou ditafone humano em certas relações.24

Considerando-se que "não se nasce mulher nem homem, mas torna-se", é a partir da relação entre eles que machos e fêmeas da espécie humana se tornam homens e mulheres e isso dialeticamente falando significa que do ponto de vista ontológico sempre estiveram em contradição, como manifestantes da relação eu-outro. Historicamente estes sujeitos têm se apresentado de forma não só assimétrica mas também desigual, desigualdade esta em detrimento da mulher. Onde buscar as raízes dessa desigualdade?

Para alguns teóricos, na origem da propriedade privada, naquele momento em que a mulher perde o "direito materno", grande derrota histórica do sexo feminino na história , marcada pela passagem das sociedades matriarcais para o patriarcado25; para outras, como a teórica Firestone 26 por ex., não considerando válida a hipótese do matriarcado, a origem estaria na própria condição biológica em que a sexualidade e a função procriadora fariam da fêmea humana objeto de desejo e opressão desde os primórdios da humanidade , cuja saída emancipatória estaria no avanço tecnólogico. Em linhas gerais, a discussão sobre a origem da opressão da mulher parece ter nas explicações ora biológicas, ora, sociais, tomadas isoladamente, o foco de polêmicas intermináveis que na verdade acabam não dando conta da complexidade do lugar que tem ocupado a mulher na história que, exatamente em decorrência desse caráter complexo de opressão do real, exige uma abordagem dialética de gênero. Nesse sentido, o que se busca é entender como o feminino e o masculino são construídos socialmente e de como e porquê, para além da diferença, a desigualdade tem se mantido em detrimento do feminino que, através da história vem sendo identificado simbolicamente como "sexo frágil", "segundo sexo", sombra, caos, imanência, toda referência simbólica inferiorlzada valorativamente em relação ao masculino: sexo forte, "primeiro sexo", luz, ordem, transcendência etc.

Porianto, parece ser à luz de uma lógica de dominação (dlalétíca do senhor e do escravo, relação eu-outro) que o masculino e o feminino vêm sendo construidos através da história e neste processo, a culpa vem se estacando como uma das marcas predominantes da subjetividade feminina. Construído secularmente sobre bases simbólicas, este sentimento de culpa parece seguir uma trilha distorcidamente iluminada por focos de "câmaras escuras" ideológicas, projetando/introjetando imagens alienantes no imaginário feminino.

Tomando como referência a atitude do grupo filial relatado por Freud em "Totem e Tabu" – matam o pai, culpam-no por este ato e, por fim, como redenção do pecado, cultuam-nos através do totem –, será que, analogicamente pode-se supor algo similar na relação homem-mulher? Se no "princípio eram as deusas", quando os humanos conviviviam sob a regência de relações "gilânicas", do "direito materno", será que os machos da espécie humana em determinado momento (desenvolvimento das forças produtivas, descoberta da participação do macho na procriação etc.) se uniram e destronaram as deusas, submeteram as mulheres a seu jugo, culparam-nas pelo seu ato de usurpação por serem desagregadoras (Evas, Pandoras, ... ) e depois passaram a cultuá-las (Virgem, santas,...)?

Para além da "refeição totêmica" narrada por Freud, outras refeições totêmicas podem ser identificadas em que a mulher ocupa uma postura ativa, como é o caso do relato literário das "Brumas de Avalon"27; neste, nos festivais de Beltame, a mulher além de objeto de desejo, é também co-participe de torneios, inclusive com a deusa caçadora determinando as regras do jogo e quem deve morrer Portanto, ocupa um papel chave na disputa do poder, presente nas questões sexuais e religiosas. No entanto, optar pela referência à "Totem e Tabu" na reflexão sobre a temática "culpa X mulher" se justifica pela eficiência de uma construção mítica (o lugar da culpa na relação pai X filhos) que, analogicamente, pode elucidar o processo de construção da culpa na mulher na sua relação com o homem ; através dos tempos, as representações simbólicas da mulher, ora impingindo-lhe a imagem de desagregadora da ordem – Eva, Pandoras etc. – ora, santificando-a – santas, virgens etc. – remetem para construções míticas cuja eficiência se revela à medida que as próprias mulheres, passam a reproduzí-las, fato esse resultante do processo de subsunção e projeção.28

Nesse trabalho, como já afirmado anteriormente, a concepção teórica de culpa é abordada a partir de sua dimensão inconsciente e, como tal, sendo um processo projetivo e alienatório; nesse sentido, é relevante ressaltar como, embora situadas em instâncias teóricas de natureza diversa, a teoria psicanalítica e o materialismo histórico parecem ter pontos de convergência visto que, tanto a projeção como a alienação/ideologia se caracterizam por mecanismos inconscientes, apesar de uma abordagem ter o olhar dirigido para os fenômenos psíquicos e a outra, para os fenômenos sociais. Foi buscando apoio nesses dois pilares teóricos que a hipótese do presente trabalho – a culpa na mulher... uma projeção da culpa do outro? – pouco a pouco, foi sendo delineada, tendo como referência analógica a construção teórica de Freud: elucidar a conduta de neuróticos que assumem posturas de autocensura obsessiva à luz do "parricídio primevo", com os selvagens criando o totem para se redimirem da culpa.

Foi a partir desse referencial que questiona-se:

É possível também supor que a culpa nas mulheres seria uma projeção da culpa do outro, supondo-se que na aurora dos tempos as deusas foram destronadas e as mulheres destituídas de direitos pelos homens que passaram a atribuir-lhes a fonte de desagregação social, bem como a venerá-las? Através dos tempos, a relação entre homens e mulheres sempre foi permeada por traços ambivalentes ora sendo estas temidas e perseguidas – o fenômeno de "caça às bruxas", por ex., – ora, veneradas – virgens, santas, deusas, sacerdotisas, – ora , culpabilizadas – Eva, Pandora. Será que essa ambivalência não se assemelha à relação filhos X "pai primevo", sendo este invejado, temido, cupabilizado e, enfim, venerado através do totem?

Em suma, partindo-se da premissa de que a consciência se forma a partir do outro e que numa relação de dominação –relação de gênero– isso tende a ocorrer de modo ideológico e alienante, será que é possível imaginar o processo de formação da culpa como de ordem projetiva? E nesse sentido. assim como os primitivos projetaram a sua culpa no totem, os neuróticos projetam na autocensura obsessiva, pode-se supor a culpa na mulher como resultante de uma projeção da culpa do homem? Em se tratando de uma construção teórica como a realizada por Freud para apreender o real a partir de um trabalho especulativo (não temos qualquer possibilidade de acesso à horda primeva) e fundamentado em dados antropológicos, a hipótese levantada não tem pretensões de irrefutabilidade, da mesma forma que a hipótese enunciada no presente trabalho. Ficam porém questões e enunciações que tentam, associadas com as luzes fornecidas por outras áreas do conhecimento (filosofia, materialismo histórico, literatura) costurar as lacunas existentes no tecido social que, se já é de dificil alinhavo quando se trata de dados presentes, mais complicado ainda se torna quando se trata do resgate dos primórdios da humanidade. Considera-se porém de vital importância que, diante de temas tão polêmicos como o tratado neste trabalho – culpa X mulher – outros "fios condutores" de análise sejam puxados, além do oferecido por Freud em "Totem e Tabu", no sentido de dar continuidade às discussões teóricas, tendo em vista contribuir para elucidar a existência, através dos tempos, da construção do sentimento de culpa como uma das marcas constituintes basilares da subjetividade feminina.

 

Nadia Regina Lima

Notas

Ver comentario de este trabajo, de Juan Carlos Volnovich

(*) NTMC/UFAL

2 3º Encontro REDOR/Natal. RGN, 1994.

3 FREUD, S. Totem e Tabu. Obras Completas de S. Freud. vol. XIII. RJ., Ed. Imago Ltda., 1974.

4 FREUD, S. op. cit., p. 186.

5 FREUD, S. op. cit., p. 173.

6 CHAUÍ, Marilena. Sobre o medo. In: CARDOSO, Sérgio et al. Os Sentidos da paixão. S.P., Comp. das Letras, 1987, p. 38.

7 RUBIN, Gayle. O Tráfego das mulheres: Notas sobre a "Economia Política" do sexo. Tradução de DABAT, C.R et al. Recife, Edição SOS CORPO, 1993, p. 10.

8 FREUD, S. op. cit., p. 178.

9 Cf. FOUCAULT, M. História da Sexualidade I. A vontade de saber. RJ., Graal, 1985.

10 BAMBERGER, Joan. O mito do matriarcado: por que os homens dominavam as sociedades primitivas? In: ROSALDO, M.Z. & LAMPHERE, L. (Coord.). A Mulher, a Cultura e a Sociedade. RJ., Paz e Terra, 1979, p. 251.

11 FREUD, S. op.cit., p. 190-1.

12 FREUD, S. op.cit., p. 91, 187.

13 Pequeno Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa Ilustrado. SP., Ed.Victor Civita, 1971, p. 479. O tema da culpa foi amplamente abordado a partir de várias áreas do saber como os religioso, jurídico, filosófico, psicológico, psicanalítico etc. No campo da filosofia por ex. Nietsche, Kafka, Camus, Heidegger, Paul Rjcoeur, entre outros, se destacaram pela contribuição considerável sobre essa temática. Em relação a este trabalho, no entanto, o enfoque se detém na reflexão em tomo de "Totem e Tabu".

14 FREUD.S. op. cit., p.82.

15 CALVEZ.Y. O pensamento de KARL MARX. Porto, Livraria Tavares Martins, 1959, p.21.

16 MARX, K. Wage Labor and Capital. cit. por RUBIN.G. op cit., p. 2.

17 MARX, K. O Capital (Crítica da Economia Política). Livro I: O processo de produção do capital. vol. 1. RJ., Civ.Brasileira, 1975, p. 60.

18 HEGEL, G.F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis, Vozes, 1992, p. 126.

19 MARX. K. & ENGELS, F. A Ideologia Alemã. Lisboa, Ed. Presença s/d, p. 25.

20 Cf IANNI,O. MARX. Sociologia. SP., Ática, 1979, p. 11.

21 O sentido do conceito de alienação tanto pode se referir à exterioridade – sentido hegeliano – enquanto traço característico do momento dialético da diferença em que o eu-sujeito se distingue do eu-objeto. correspondendo portanto a urna fase do movimento de construção do conceito. sendo a história da humanidade a história da alienação, como à estranhamento – sentido marxista – movimento a ser superado por compreender um momento em que o sujeito se vê absolutizado, negando-se como agente da história. Nesse sentido, adquire uma conotação pejorativa.

22 HARDING, S The Science Question in Feminism. Ithaca and London. Cornell Univ. Press, 1986.

23 Cf. SCOTT, J. Gênero. uma categoria útil para analise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, 16(2): 5-22, jul.-dez. 1990.

24 RUBIN, G. op. cit., p. 2.

25 Cf. ENGELS, F. A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. RJ., Civ. Brasileira, l978.

26 Cf. FRANCHETTO,B. et al. Antropologia e Feminismo. In: Perspectivas Antropológicas da Mulher. RJ., Zahar, 1981.

27 BRADDLEY, M.Z. As Brumas de Avalon. RJ., Imago, 1985.

28 Entende-se por subsunção "um processo em que o dominador para fins de melhor dominar modifica o dominado" (cf. MORAES, A. A identidade na diferença) e projeção, "procedimento defensivo comum tanto na vida mental quanto na patológica" resultante de um processo de ambivalência e deslocamento, forma de defesa em que a hostilidade se desloca para o objeto hostil de modo ambivalente (cf. FREUD, S. op. cit., p.82).

 

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